Por Mark Weinraub
CHICAGO (Reuters) – Os 1.250 acres irrigados da fazenda de Troy Schneider, no leste do Estado norte-americano do Colorado, são a área mais valiosa do local, já que neles as produtividades do milho costumam ser três vezes maiores do que as registradas em campos sem irrigação no condado onde estão localizados.
Neste ano, porém, diante da contração econômica e da queda na demanda por etanol de milho, Schneider desistiu de cultivar 125 acres do setor irrigado. Ele calculou que, financeiramente, faria mais sentido cultivar pastos para sua criação de bovinos.
“Com a economia paralisada e poucos carros rodando, os preços caíram demais”, disse. “Por que dar uma chance? Você vai acabar perdendo dinheiro em tudo.”
Os agricultores costumam alterar suas intenções de semeadura à medida que o calendário avança, substituindo algumas safras caso o clima prejudique os planos originais. Mas deixar áreas sem plantio é uma novidade para muitos norte-americanos.
O último relatório de área de plantio do governo norte-americano indica que as semeaduras de milho e algodão em algumas regiões ficaram bem abaixo das expectativas iniciais, com o plantio de milho registrando a maior queda em junho ante março em 37 anos.
A pandemia de coronavírus fez com que muitos agricultores desistissem de plantar milho. Quando calculavam os planos para 2020, os produtores o viam como a safra mais provável a resultar em lucros, com as tensões entre EUA e China indicando uma queda nas exportações de soja mesmo depois de os países assinarem a fase 1 de um acordo comercial.
Mas a demanda por etanol, biocombustível produzido com milho e misturado à gasolina, despencou em meio ao isolamento social no país, derrubando também o mercado do cereal. Quando o governo publicou seu relatório de junho, o plantio havia recuado 5,1% em relação às intenções divulgadas em junho.
“Eu acho que isso pode ser coisa de um ano de baixa”, disse Michael Cordonnier, presidente da consultoria Soybean and Corn Adviser. “Tivemos a pandemia. Houve apenas um mal-estar econômico geral. Isso fez com que todo mundo ficasse avesso ao risco.”
“Custa dinheiro plantar uma safra”, ponderou Jim Gerlach, presidente da corretora A/C Trading. “É melhor não lucrar nada do que perder dinheiro.”