Presença feminina em eventos agro aumenta
Apesar de ainda ser uma área predominantemente ocupada por homens, o agronegócio tem sentido, cada vez mais, o aumento da participação feminina no dia-a-dia e em eventos do setor. Um exemplo recente foi o Show Rural Coopavel, na cidade de Cascavel, no Paraná. Conhecido por seu porte, a edição deste ano ultrapassou as marcas de 285 mil visitantes e de 580 expositores.
Por ser um evento aberto ao público, não é possível mensurar o número de mulheres presentes no evento, mas a percepção é nítida aos organizadores.
“A gente percebe que, de uns 8 anos para cá, o envolvimento e a participação da mulher no agronegócio e no Show Rural tem crescido muito. O envolvimento dela, ao lado da família, na gestão e na realização de projetos que possam tornar a propriedade ainda mais lucrativa, fazendo com que se gere mais oportunidades para a família, isso acontece! A gente percebe”, avalia o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as mulheres são responsáveis por 34% dos cargos gerenciais no agronegócio brasileiro e quase 1 milhão de mulheres dirigem propriedades rurais no país. Segundo dados de 2021, as mulheres administram cerca de 30 milhões de hectares, o que representa apenas 8,5% do espaço agrícola existente no Brasil.
Para Maria Beatriz Bonotto Orso, produtora rural e presidente da Comissão Local de Mulheres do Sindicato Rural de Cascavel, o crescimento é real, mas ainda falta confiança e oportunidades.
“A cada dia temos mais mulheres envolvidas, mas ainda é necessário capacitação para poder participar ainda mais e colaborar com o crescimento no agro, seja nas sua propriedade ou junto aos órgãos competentes”, compartilha.
Foi para incentivar mulheres a, justamente, assumirem mais a participação no agronegócio, Elaine Caús desenvolveu uma metodologia para capacitar mulheres tanto no Brasil quanto no Paraguai.
“São países onde o agronegócio é muito forte e precisamos garantir que haja uma continuidade nos legados. Muitas empresas e propriedades familiares são assumidas por mulheres que, por falta de oportunidades, não tiveram o preparo necessário no decorrer da vida. Então, assumem sem conhecimento e ficam com medo de seguir adiante”, explica a Master Mind.
“As mulheres precisam entender e reconhecer que elas podem, sim, assumir essa responsabilidade, ainda mais ao lado da família, que é a nossa base”, continua.
Em 2020, Elaine e parceiras da Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio, da Fundação Dom Cabral, formaram, no Brasil, o primeiro grupo da ALMA, chamado de Mulheres Agrosul. Por meio de depoimentos, mostraram que a mulher trabalha tanto quanto o homem no campo para ajudar a família, o que inspirou outras mulheres a darem o passo para assumir cargos em suas propriedades.
Já em 2021, com a procura crescente de mulheres buscando capacitação na academia, Caús viu a oportunidade de abraçar mais um desafio: o de liderar mulheres da região no Paraguai. Foi então que surgiu o Mujeres Coop, onde trabalhadoras que buscam ajudar seus maridos e familiares conseguem apoio e qualificação profissional.
As duas iniciativas buscam qualificar, de forma mais profunda, as mulheres do agronegócio por meio de eventos, seminários, mentorias, coaching e network entre elas.
“São trocas de experiências, onde vimos também o crescimento de mulheres como CEO em grandes empresas agrícolas, oferecendo oportunidades em níveis sócio-econômico-cultural da agronomia no Brasil e Paraguai”, encerra Elaine.