Duas testemunhas, que ainda não foram ouvidas pela polícia, deram uma versão diferente daquela dada pelo assassino confesso Josué dos Santos sobre a morte de Anderson Alves da Silva, de 19 anos.
O sogro matou genro com quatro tiros em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, na noite da última terça-feira (19), mas se apresentou na delegacia apenas na sexta-feira (22) e foi liberado após prestar depoimento. Ele responderá pelo crime de homicídio qualificado em liberdade porque a polícia não solicitou sua prisão preventiva.
Versão do sogro
Segundo Josué, ele atirou contra Anderson porque o jovem tentou pegar sua arma durante uma discussão e ele teria agido em legítima defesa. “O rapaz tentou tomar minha arma, estava na cintura, não estava em punho. Foi um momento que ele poderia ter me matado, ou matado minha família. Eu sou um pai que defendi a minha família e vou defender. Acho que qualquer pai faria o que eu fiz. Não foi com intenção, mas infelizmente aconteceu o que aconteceu”, disse à RIC Record TV.
“Ele não era capaz de relar o dedo nela. Ele era sossegado, ele amava muito ela, ele comprava roupa fiado pra dar pra ela, ele tratava muito bem ela, a geladeira deles era cheia de coisa boa pra ela, que ela era acostumada. Na verdade, ele morreu por amor”, disse o pai da vítima.
No entanto, as duas testemunhas afirmam que não houve briga no momento do assassinato e que Anderson não teria como tomar a arma do sogro porque os dois estavam em veículos diferentes. Elas afirmam que Josué perseguiu seu genro pelas ruas de Campo Largo e quando os carros emparelharam, ele efetuou vários disparos de arma de fogo. “Tava os dois carros virados, os dois de bico e ele começou a atirar no pia, um monte de tiros, meu marido tava falando que deu pra escutar mais de cinco tiros”, declarou Dayane dos Passos.
A outra mulher que também viu o crime preferiu não se identificar, mas confirmou a versão dada por Dayana de que cada um estava em seu carro. “Eu vi dois carros, o carro do homem que atirou e o carro do outro, do rapaz que morreu. O atirador, depois que saiu os tiros, ele ficou lá um minutos ainda parado conversando com a mulher dele que tava na rua e daí, ele saiu tranquilo e foi embora”, disse.
Do mesmo modo, as duas testemunhas colocam a esposa do suspeito e sogra da vítima na cena do crime, situação que foi omitida por Josué. “Tinha uma mulher, essa mulher que depois a gente ficou sabendo do que matou, do que atirou. Ela tava no meio da rua, tava andando porque ela tava nervosa, ela tentou chamar alguém e ninguém vinha, ficou ela e morto”, disse a testemunha.
Imagens de câmeras de segurança
Imagens de câmeras de segurança, obtidas pela RIC Record TV, mostram os veículos do genro e do sogro no bairro São Geronimo poucos minutos antes do crime. No vídeo, ao que parece, o carro de Josué persegue o de Anderson, o que pode comprovar o relato das testemunhas.

Motivação do crime
Ainda não está claro o que motivou o assassinato de Anderson, o que se sabe até agora é que o rapaz começou a namorar a filha de seu assassino quando a menina tinha apenas 11 anos e ele 17, há cerca de dois anos.
A família da jovem diz que nunca aceitou o namoro entre os dois, mas Josemar da Silva, pai de Anderson, contou que as famílias já havia conversado e que o relacionamento amoroso havia sido aceito.
Conforme Josemar, o filho conheceu a garota na escola e ele também, a princípio, não concordou quando ficou sabendo da idade da adolescente. Porém, quando o relacionamento começou a ficar mais sério, o próprio Anderson organizou uma conversa entre as duas famílias. “Ele marcou de nós ir se conversar, eu, o pai dela, a menina e o Anderson. Sentamos na mesa, conversamos, pra nós conversar se ele podia namorar com ela de firme ou não. Ele aceitou o namoro deles, daí eu falei ‘então, tamo tudo certo’. Daí ele começou a namorar lá na casa, frequentar lá, ela vinha aqui, a mãe dela vinha buscar ela aqui e levava embora. Depois que eles se acertaram, ele sempre frequentava lá, ela frequentava aqui, nós não era contra porque já estava tudo certo, não era mais escondido”, explica.
Outras informações que circularam logo após o assassinato de Anderson eram de que ele havia mantido a namorada e a sogra em cárcere privado durante toda a tarde de terça-feira e ainda agredido fisicamente a garota. O que teria então provocado a ira de seu sogro e terminado com sua morte, mas nada disso foi confirmado pela polícia. Josemar também nega que o filho fosse capaz de fazer algo do gênero. “Esse cárcere privado, isso aí é mentira de que ele tava agredindo ela, isso dai não é, não batia não. Ele não era capaz de relar o dedo nela. Ele era sossegado, ele amava muito ela, ele comprava roupa fiado pra dar pra ela, ele tratava muito bem ela, a geladeira deles era cheia de coisa boa pra ela, que ela era acostumada. Na verdade, ele morreu por amor”, disse o pai inconformado.
Outra informação importante é a de que o casal havia retornado para Campo Largo apenas três dias antes do crime. Eles viveram cerca de dois meses em Coronel Vivida, no sudoeste do Paraná, onde mora a mãe de Anderson, e voltaram para residir em uma casinha feita nos fundos da casa do pai e da madrasta de Anderson.
Assassino confesso já possuía passagem pela polícia
Josué que já foi indiciado por outro homicídio, do qual a polícia não deu detalhes, fez questão de pontuar que foi absolvido do crime em questão durante julgamento. “No caso passado fui absolvido de 7 a 0, por 7 desembargadores do Tribunal de Justiça e tenho o nome limpo”, disse.
Assista à reportagem completa:
A RIC Record TV contou todos os detalhes sobre a investigação que apura o caso do sogro que matou o genro em Campo Largo.