Gian Moraes: atleta supera acidente grave e fecha temporada com média do time dos sonhos
A temporada 2018/2019 do vôlei está chegando ao fim, restam apenas as finais das Superligas, porém, para um atleta em especial, ela dificilmente será esquecida. O líbero curitibano Gian Moraes, do Ponta Grossa Caramuru Vôlei, não está disputando o título, mas motivos não faltam para o jogador celebrar o ano de superação, “fica claro as mãos de Deus na minha vida”.
Depois de muitos anos jogando em outros estados, finalmente Gian recebeu a oportunidade de voltar a defender uma equipe perto de casa. Estar perto da família, contar com o apoio dos amigos nos jogos, poder passar em casa durante a competição, eram privilégios que o líbero poderia ter novamente, ele só não esperava que precisaria tanto deste suporte.
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Apresentação oficial interrompida
Junho chegou junto com a apresentação oficial do Caramuru Vôlei. Era cedo quando Gian saiu de casa, em Curitiba, rumo a Ponta Grossa. Seriam pouco mais de 100km de estrada, entretanto, ainda no bairro, um acidente acabou interrompendo o que seria um dia de festa.
“Estava amanhecendo ainda. Só lembro de ver uma luz vindo em minha direção e eu tentar puxar o carro para não bater totalmente de frente. Mas o estrago foi grande. Percebi meu rosto ensanguentado, escutei barulho de sirene e fui perdendo as forças”, recorda o líbero.
O veículo na contramão causou o acidente e colocou em cheque a vida profissional do atleta. Encaminhado ao hospital, Gian Moraes passou por duas cirurgias, uma para reconstrução facial e outra na mão direita. Além disso, placas, pinos e parafusos foram colocados no rosto do líbero.
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Susto na recuperação
Durante o pós operatório, Gian pode ingerir apenas alimentos pastosos, o que fez o líbero perder sete quilos. Apesar da dificuldade para se alimentar e do inchaço na região facial, o atleta se apresentou ao Caramuru ainda sem saber se poderia voltar às quadras.
“Cheguei a pensar que não jogaria mais, até porque eram muitas placas e pinos no rosto, achei que teria muitas dores de cabeça. Não sabia até que ponto poderia afetar por ser atleta profissional, ainda mais líbero que cai no chão, levanta, pula, ficava com medo de ter muita tontura”, conta Gian.
No processo e recuperação a equipe de Ponta Grossa ofereceu todo suporte necessário. Lucas Giordani, fisioterapeuta do time, foi o responsável pelo contato direto com o líbero na busca para recuperar os movimentos faciais e melhorar a ingestão de alimentos. Em menos de dois meses, Gian voltou a fazer trabalhos com bola.
“Comecei a fazer atividades de saque e passe. Em um treino coletivo, ainda sem poder participar, eu estava ajudando o pessoal. Fui correr e meu joelho bambeou, fiz o exame e foi detectado que eu tinha rompido o ligamento esquerdo. Me bateu aquela depressão de novo, mais uma notícia triste. Já não bastava a recuperação do acidente, agora provavelmente teria que ficar de 6 a 8 meses em tratamento do joelho. Foi um dos momentos mais difíceis”, destaca Gian.
Ainda sem acreditar, juntamente com a comissão do Caramuru, Gian buscou ajuda com outros profissionais da área para saber a gravidade da lesão. Nardelli, médico da seleção brasileira, Jomar, fisioterapeuta do Brasil, e médicos do Athletico Paranaense foram consultados. Após muitas análises, mais um milagre. Com ajuda do preparador físico Gabriel Azzi, Gian não precisou enfrentar nova cirurgia.
Divisor d’águas, Gian volta às quadras
Com os trabalhos de reforço muscular, Gian pode estrear com a camisa do Caramuru na fase final do Campeonato Paranaense. Atuando como titular nos jogos decisivos contra o Copel Telecom Maringá, o líbero ajudou a equipe na conquista do título estadual.
“Joguei a Superliga inteira. Foi uma temporada de muita superação e amadurecimento. De tudo temos que tirar proveito. Sem dúvidas foi um divisor d’águas pra mim. Apesar de passarmos por muitos problemas, consegui jogar”, fala com emoção o líbero.
Jogando para cima os problemas e bloqueando as adversidades, Gian não se contentou com a volta às quadras em uma temporada de tanta superação e fechou o ano com um dos seus melhores índices.
“Amadureci bastante neste processo tanto na vida profissional como pessoal. Em quadra refletiu bastante o fato de eu me cuidar, tempo de descanso, de respeitar meu corpo. Então isso foi tudo muito bom, amadureci muito bem. Tanto é que meus números foram muito bons. Este ano infelizmente ficamos fora dos playoffs, mas ainda assim eu faço parte do time dos sonhos da Superliga, como melhor líbero”, reforça com orgulho.
No aguardo da próxima temporada, Gian espera novos desafios e garante que os adversários vencidos neste ano não serão esquecidos tão cedo. “Foi tudo muito perfeito, o milagre dele (Deus) foi grande”, finaliza.