Grafite: Artista de Toledo espalha cor e vida pelo mundo

Publicado em 3 nov 2022, às 10h13. Atualizado às 11h35.

Isaac Souza de Jesus, artista e arte educador, é paulista, mas trabalha com grafite há mais de 10 anos em Toledo e região. Além das artes e dos murais espalhados pelo Oeste paranaense, o artista de Toledo participou da Semana Global da Cufa em Nova York, onde deixou seu grafite registrado em um dos muros da cidade. Mas ele não parou só nos murais, e atualmente participa de projetos culturais em escolas, representando a arte que está cada vez mais visível no Paraná.

“Com o uso das técnicas do grafite, eu montei um projeto chamado ‘A-cor-dar, dar cor as expressões da vida’. Esse projeto ele começou a caminhar na cidade de Toledo, principalmente no serviço de convivência e fortalecimento de vínculo e também no CREAS com outras pessoas,” contou Isaac.

Ao longo dos mais de 10 anos de carreira como artista visual, participou de importantes projetos artísticos, como a inauguração da Praça CEU das Artes de Toledo em 2014 com a pintura de um mural. O local foi o primeiro CEU inaugurado no Brasil, voltado ao atendimento de atividades culturais, artísticas e esportivas em regiões periféricas e de vulnerabilidade social de cidades brasileiras. E foi depois da pintura no espaço, que o projeto A-cor-dar tomou forma.

“Isso trouxe uma visibilidade muito grande. Também, porque na então na época ministra Marta Suplicy, desembarcou do veículo para inaugurar o prédio de frente com o desenho. Eles me chamaram para uma fotografia e logo depois começou a acontecer muitas coisas. Foi ai que surgiu o projeto A-cor-dar.”

A arte se espalhou rapidamente e chamou a atenção da Itaipu Binacional, que já desenvolvia projetos na cidade, e percebeu que era perfeitamente possível associar as duas coisas; meio ambiente e arte.

” A Itaipu traz as oficinas de grafite para dentro do projeto, Cultivando Água Boa. Depois de muitas intervenções e com muito êxito a gente teve na região o grafite uma matéria obrigatória dentro do programa Linha Ecológica da Itaipu, chegando em 54 municípios da bacia.”

Cultura do Grafite

O grafite é um dos elementos da Cultura Hip-Hop, que tem movimento desde os anos 60 no Brasil. Issac explica que a cultura do grafite é uma cultura urbana e periférica, que surge dentro dos guetos, de uma pulsação da periféricas, que tinham poucas manifestações genuínas.

“O grafite se torna logo de cara, a expressão de muitas pessoas que não eram visíveis pelo sistema de diversas maneiras, né, pela precariedade das políticas públicas, pela precariedade do acesso à oportunidades mínima de qualidade de vida ou de qualquer que seja o meio de disputa ou até mesmo de trabalho,” explica.

(Mural Isaac Souza de Jesus, | foto: arquivo pessoal)

Ainda há um preconceito da sociedade, em relação a arte que é confundida com o vandalismo, mas para o artista é fácil entender a diferença entre a arte e a irregularidade.

“Quando a gente pontua grafite versus pichação, com essência, as duas coisas, ela se fundem em uma coisa só, porque a única questão em jogo é a intervenção do indivíduo e o julgamento estético. Se você tirar o julgamento estético, a intervenção é aquilo que conta se a pessoa está ou não autorizada a fazer determinada prática ou intervenção. Isso é do assim também, é possível que no meu caso, escolher não pintar de forma legal, sempre autorizado e sempre tentando contribuir com os espaços públicos, porque eu entendo e tenho dito isso e feito práticas nesse sentido. O espaço público é de todos nós e quando ele é cuidado e ocupado, e sobra muito pouco para que as pessoas que não têm boas intenções, usem esses espaços,” finaliza.

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