Sudário nada santo

Publicado em 10 set 2020, às 12h04.

A manhã se abre como num sonho denso.

Há exaustão pura a preencher os corpos.

As almas estão saciadas e podem até voar.

Nem uma xícara de chá acalma os nervos.

Tudo está à flor da pele e os poros se abrem.

Foi louca a maratona de contorcionismo puro.

Variadas posições na busca única pela explosão.

O mudo virou do avesso junto com os corpos.

Nos lençóis, a marca de um sudário nada santo.

Prova definitiva de um encontro mais que carnal.

Lábios inchados denotam o prazer vivo sentido.

Mãos trêmulas não escondem a fadiga deliciosa.

Basta um lapso de energia para tudo se acender.

De novo a mescla na cópula surrealista e única.

Voo rasante rumo ao penhasco pontiagudo.

A umidade encharca a cama inteira e escorre.

Dedos, línguas, braços e pernas se entrelaçam.

O cansaço se evapora junto com o suor vertente.

Expiação pura no fogo vulcânico inevitável.

Propagação do prazer que reverbera pelas eras.

Jossan Karsten

Imagem de Efes Kitap por Pixabay 

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