Os espetáculos previstos para os dois auditórios foram transferidos para a Ópera de Arame e o Teatro da Reitoria
Um impasse entre a empresa que administra a venda de ingressos do Centro Cultural Teatro Guaíra (CCTG), a Disk Ingressos, e a organização do Festival de Curitiba terminou com a saída dos seus dois principais auditórios, o Guairão e o Guairinha, da programação da 25ª edição do evento.
Com isso, o CCTG não vai receber sete dos oitos espetáculos que estavam programados para exibição nos dois espaços. A única exceção é a manutenção de “La Cena” no Guairinha. Estreia nacional, a montagem é uma criação inédita para o G2 – Cia. de Dança do Teatro Guaíra. Os demais espetáculos previstos para os dois auditórios foram transferidos para a Ópera de Arame e o Teatro da Reitoria, com ingressos à venda pelas bilheterias do Festival e no site do evento (www.festivaldecuritiba.com.br
Segundo o diretor do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz, a decisão foi motivada pelo modelo adotado pela administradora de venda de ingressos do CCTG, a empresa Disk Ingressos. “O atual modelo é prejudicial não só para o Festival, mas para toda a cadeia produtiva das artes”, comenta.
Com um sistema próprio para comercialização de ingressos, o Festival de Curitiba não pode operar as vendas para os dois auditórios do CCTG. “Delegar o serviço de venda de ingressos a um terceiro que não tem comprometimento com a manifestação artística, não possui vínculos com o espetáculo apresentado, que é indiferente em relação à importância da arte e da cultura prejudica e, em casos como o que vemos agora, até inviabiliza a atividade econômica atrelada às artes e, no caso, ao Festival”, elucida Knopfholz.
Ainda assim, por considerar a importância do Centro Cultural Teatro Guaíra, um dos principais marcos culturais do Paraná e um dos espaços mais cultuados pela classe artística nacional, o Festival de Curitiba optou por manter sua abertura no Guairão, com o espetáculo “Bethânia e as palavras”. O evento será exclusivo para convidados.
Novos espaços
Com a saída dos dois auditórios do CCTG da Mostra, os espetáculos “Why The Horse”, com Maria Alice Vergueiro, o uruguaio Tebas Land e o solo do ator Matheus Nachtergaele, “Processo de Conscerto do Desejo”, antes previstos para exibição no Guairinha, foram transferidos para o Teatro da Reitoria. Os musicais “O Beijo no Asfalto” e “Urinal, O Musical”, bem como as comédias “Portátil”, do Porta dos Fundos, e “Morte Acidental de um Anarquista”, com Dan Stulbach, que seriam apresentados no Guairão, foram realocados na Ópera de Arame.
Disk Ingressos
A Disk Ingressos se manifestou, em nota,, sobre o assunto. “Nos últimos dois anos a Disk Ingressos, em observância ao contrato administrativo supra referido, realiza a venda dos ingressos do Festival de Teatro de Curitiba, sendo que nesse ano todas as condições anteriormente ajustadas foram mantidas. A organização do evento é de responsabilidade única e exclusiva da empresa Parnaxx, a qual pretende cumular as funções de organização de eventos e comercialização de ingressos para o Festival de Teatro de Curitiba, ferindo aos consumidores e descumprindo decisão judicial proferida pelo Juízo da 9ª vara Cível de Curitiba-PR que reconhece a abusividade da cobrança de taxa de ingresso pela mesma empresa que promove o evento”.
De acordo com o diretor administrativo da Disk Ingressos, Eder Longas Garcia, a empresa preza pela valorização cultural e não mediu esforços, assim como a direção do próprio Teatro Guaíra, para viabilizar as peças do Festival de Teatro de Curitiba nas dependências do referido teatro. “Nós estamos agindo de acordo com o que está previsto no contrato administrativo, nada diferente do que nos anos anteriores. Procuramos assegurar aos consumidores facilidade na compra de ingressos, por preços justos, seja por meio da internet, em pontos de vendas nos shoppings, com atendentes na bilheteria do teatro e via Call Center para entrega por motoboy até a residência. Além disso, somos responsáveis por arrecadar os valores oriundos da venda dos ingressos e a dedução dos valores e importâncias devidas de ISS e o ECAD, da taxa de locação do auditório, para somente após repassar o valor ao produtor do espetáculo”.