Novembro Azul: prevenção é o melhor remédio para evitar câncer de próstata em cães

por Pauline Machado
Jornalista e diretora do @canaldeestimacao
Publicado em 5 nov 2020, às 11h32. Atualizado em: 17 nov 2021 às 11h28.

O câncer de próstata também afeta os animais de companhia e, assim como ocorre nos homens, é importante alertar sobre prevenção. Em pequenos animais, a espécie canina é a mais acometida pelas alterações na próstata, sendo mais raras nos gatos. As principais ocorrências são hiperplasia prostática benigna (HPB), prostatite aguda ou crônica, abscessos, metaplasia escamosa, cistos prostáticos ou paraprostáticos e neoplasias.

Segundo a médica-veterinária Fabiana Ferreira de Souza, pesquisadora nível III do Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (FMVZ-Unesp), de Botucatu (SP), “cães idosos, de raças de maior porte, são mais propensos às doenças. Fatores genéticos estão envolvidos, já que há predisposição racial”.

A médica-veterinária e doutora em reprodução animal Maricy Apparício Ferreira explica que, em cães, a alteração mais comum é a hiperplasia prostática benigna, afecção que acomete animais com idade igual ou superior a 5 anos, seguida da prostatite bacteriana.

Sinais clínicos

Maricy menciona que os sinais clínicos, de forma geral, incluem sinais do trato urinário, como a presença de hematúria ou incontinência urinária, com rara ocorrência de disúria. A disúria geralmente é reportada nos casos de tumores prostáticos, quando o parênquima é alterado pela neoplasia, chegando a comprimir a uretra.

“Os sinais do sistema digestório incluem tenesmo com fezes finas, também conhecidas como “fezes em formato de fita” (devido à compressão do cólon pela próstata) e constipação. Relacionados ao sistema locomotor, tem-se dificuldade de locomoção, claudicação, andar rígido, paresia e edema dos membros pélvicos. Vale pontuar ainda que existem animais cujos sinais clínicos se relacionam à reprodução, tais como a recusa de monta, diminuição da fertilidade e da libido, alterações que acabam sendo mais notadas em apadrinhadores”, detalha Maricy.

Tratamento

A orquiectomia (castração) é recomendada para reduzir o tamanho da glândula e, consequentemente, as manifestações clínicas. Em casos de prostatite, recomenda-se o uso de antibióticos por período prolongado (mínimo de quatro semanas), enquanto nos de abscesso e cistos próstáticos, a drenagem das lesões cavitárias deve ser acompanhada de antibioticoterapia e castração. Nos apadrinhadores, cuja manutenção da atividade reprodutiva deve ser mantida, a recomendação de Maricy é substituir a castração pela administração de fármacos que bloqueiam o crescimento prostático, tal como a finasterida, que impede a ação da enzima 5-alfa redutase, a qual é responsável pela conversão da testosterona em 5-alfa diidrotestosterona, reduzindo, portanto, o crescimento da glândula.

Já Fabiana ressalta que, no câncer prostático, o tratamento mais indicado é a prostatectomia, mas quando há invasão da cápsula prostática, tecidos adjacentes, metástases regionais ou distantes não há tratamento que prolongue a sobrevida do animal. “Em vista da natureza agressiva do câncer prostático, normalmente os sinais clínicos são observados quando já há metástases e a cirurgia não é indicada. A quimioterapia ou radioterapia podem ser aplicadas, contudo o prognóstico é ruim e não há regressão do câncer”, afirma a médica-veterinária.

Prevenção

A principal forma de prevenção é o exame da próstata, que deve ser incluído na avaliação clínica de rotina. Recomenda-se que cães com idade igual ou superior a 4-5 anos sejam submetidos a avaliação clínica minuciosa, a qual deve contemplar um exame da glândula prostática (toque retal associado com a palpação abdominal para determinar o tamanho, mobilidade, simetria e presença de nodulações ou de dor. O exame ultrassonográfico pode auxiliar no diagnóstico e permite avaliar características do parênquima prostático e a presença ou ausência de lesões cavitárias, possibilitando identificar alterações muitas vezes não detectadas pela palpação.

Fontes
Fabiana Ferreira de Souza, pesquisadora nível III do Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (FMVZ-Unesp), de Botucatu (SP);
Maricy Apparício Ferreira, médica-veterinária, doutora em reprodução animal, professora substituta da disciplina de Obstetrícia Veterinária e da pós-graduação em reprodução animal do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Unesp de Jaboticabal (SP).

Fonte: Assessoria de Comunicação do CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária.