Cientistas registram imagem inédita de estrela à beira do colapso

Estrela fica fora da Via Láctea, a milhares de anos-luz de distância da Terra; registro é inédito na história da astronomia

por Luciano Balarotti
Com informações de Will Dunham. da Reutersda Agência Brasil
Publicado em 22 nov 2024, às 13h11.

Pela primeira vez na história da astronomia cientistas obtiveram uma foto aproximada de uma estrela aparentemente em seus momentos finais. A imagem mostra a estrela cercada por gás e poeira enquanto se encaminha para seu fim, na imensa explosão chamada supernova.

Pela primeira vez na história da astronomia cientistas obtiveram uma foto aproximada de uma estrela aparentemente em seus momentos finais. A imagem mostra a estrela cercada por gás e poeira enquanto se encaminha para seu fim, na imensa explosão chamada supernova.
Imagem mostra o que seriam os “instantes finais” da estrela (Foto: ESO/L. Calcada/Divulgação via Reuters)

De acordo com os cientistas, essa foi a primeira vez que eventos deste estágio crucial de colapso de uma estrela foram fotografados. O que torna isso ainda mais notável, segundo os pesquisadores, é que a estrela observada não está em nossa galáxia, a Via Láctea, mas sim em uma galáxia vizinha chamada Grande Nuvem de Magalhães.

Assim, essa é a primeira imagem aproximada de uma estrela madura em outra galáxia. Isso porque, anteriormente, uma estrela recém-nascida na Grande Nuvem de Magalhães já havia sido descoberta em pesquisa publicada no ano passado.

Astro está a milhares de ano-luz da Terra

Chamada WOH G64, a estrela moribunda está localizada a cerca de 160.000 anos-luz da Terra. Para se ter uma ideia do tamanho dessa distância, vale lembra que um ano-luz (distância que a luz percorre em um ano) mede 9,5 trilhões de km.

A imagem, um pouco confusa, foi obtida usando o Interferômetro do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, com base no Chile. Ela mostra a estrela cercada por um casulo brilhante em forma de ovo, composto por gás e poeira, chamado de nebulosa, aparentemente ejetado pela estrela. É possível ver ainda um tênue anel oval além do casulo, talvez feito de mais poeira.

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“A estrela está no último estágio de sua vida antes de uma morte estelar”, disse o astrônomo Keiichi Ohnaka, da Universidad Andrés Bello, no Chile. O cientista é o autor principal do estudo publicado nesta quinta-feira na revista Astronomy & Astrophysics.

Antes de começar a expelir material, estima-se que a WOH G64 tinha cerca de 25 a 40 vezes a massa do Sol, de acordo com o astrônomo e coautor do estudo Jacco van Loon, da Universidade de Keele, na Inglaterra. Trata-se de um tipo de estrela maciça chamada supergigante vermelha.

Estrela teve vida “curta” em comparação ao Sol

“Sua massa estimada significa que ela viveu por cerca de 10 a 20 milhões de anos e logo morrerá”, disse van Loon. Essa é a primeira imagem de uma estrela “nesse estágio final, possivelmente passando por uma metamorfose nunca antes testemunhada antes da explosão. Pela primeira vez conseguimos ver as estruturas que envolvem uma estrela em seus estertores de morte. Mesmo em nossa galáxia, a Via Láctea, não temos essa imagem”, acrescenta.  

Estrelas maciças têm vidas mais curtas do que as menos maciças. O Sol, por exemplo,  já tem mais de 4,5 bilhões de anos e ainda tem bilhões de anos pela frente.

O diâmetro da WOH G64 é imenso, pois ela incha antes da esperada explosão em um futuro relativamente próximo. Se ocupasse o lugar do Sol, ela se estenderia até a órbita de Saturno, o sexto planeta do sistema solar.

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