Crítica: Um Lugar Silencioso 2
Em Um Lugar Silencioso – Parte II, logo após os acontecimentos do primeiro filme, a família Abbott (Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe) precisa agora encarar o mundo fora da fazenda, lutando para sobreviver em silêncio. Obrigados a se aventurar pelo desconhecido, a família percebe que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças.
Em Um Lugar Silencioso – Parte II, o roteirista e diretor John Krasinski começa explicando a origem dos monstros e como eles foram desenvolvidos ao retroceder a narrativa para o primeiro dia da invasão alienígena. Após o epílogo com muita ação e tensão, a história volta a acompanhar a família Abbott nos dias atuais, após os acontecimentos em Um Lugar Silencioso (2018). Vemos Evelyn (Emily Blunt) e seus filhos Regan (Millicent Simmonds) e Marcus (Noah Jupe) muito mais agéis para lidar com as adversidades, e agora sem Lee (John Krasinski) e Beau (Dean Woodward), mortos, e precisando cuidar do bebê.
O enredo segue uma continuação natural sem fugir muito da sobrevivência pós-apocalíptica que vimos anteriormente, até o surgimento do personagem Emmett (Cillian Murphy). O longa passa a ser dividido em dois segmentos: com a dupla Emmett e Regan em busca de uma possível salvação – lidando não somente com os alienígenas, mas também com humanos – e Evelyn com seu filho Marcus precisando cuidar do bebê em confinados em uma fábrica.
A sequência mostra a evolução do diretor Krasinski, com mais confiança e apostando ainda mais nos elementos de terror. Vemos agora, alienígenas mais imponentes e ameaçadores, lembrando a claustrofobia de Alien, o 8º Passageiro (1979).
Um dos elementos que mais chama a atenção em Um Lugar Silencioso, é o trabalho brilhante da edição de som, que utiliza o silêncio como aspecto de criação constante de tensão, fazendo com que qualquer barulho seja muito assustador. A continuação trás a mesma excelência, e faz conversão constante de perspectiva para o ponto de vista de Regan, personagem com deficiência auditiva, trazendo inquietude e medo no público. Vale lembrar que a atriz Millicent Simmonds é portadora de deficiência auditiva na vida real. É o tipo de experiência ideal para se ter na melhor sala de cinema disponível – assisti no Imax.
Um dos destaque da produção é o elenco, que desenvolve de forma convincente seus personagens. O trabalho de Emily Blunt é impressionante, conseguindo passar para o público todas as nuances do desespero de uma mãe protegendo seus filhos até a calmaria necessária para realizar movimentos calculados que não coloquem em risco a vida deles. Como o desenrolar da história, Cillian Murphy de Peaky Blinders, sofre grande mudança, passando de não se importar com os outros até recuperar sua empatia, a grande responsável por essa mudança é a jovem Regan, que ganhou mais protagonismo, entregando uma personagem corajosa e destemida em busca de salvação, mostrando que a narrativa é principalmente sobre família.
A produção finaliza com Emmett e Regan encontrando uma solução para lidar com as ameaças. Deixando em aberto para o spin-off da franquia Um Lugar Silencioso que vai ser lançado em 2023, dirigido por Jeff Nichols, de O Abrigo (2011) e Amor Bandido (2012).
O roteiro de Um Lugar Silencioso – Parte II não é tão original quanto o do primeiro filme mas se destaca em sua execução primorosa e eficaz, prendendo o público com sua atmosfera sufocante e tensão crescente. O longa mostra a importância da família, e nos faz preocupar mais uma vez com a família Abbott.
Um Lugar Silencioso – Parte II estreia dia 22 de julho nos cinemas.