Franquia Homens de Preto é retomada com protagonista feminina e viagem pelo mundo
Cotação: ★★½
Ressuscitar franquias de sucesso do cinema de décadas atrás é uma das apostas de Hollywood nesses últimos anos. Afinal, nada melhor do que, para o cinema pipoca das férias do meio do ano, o apelo nostálgico de pais e parentes para iniciar uma nova geração de crianças e adolescentes ao culto daquilo que permanece até hoje na memória afetiva dos agora adultos. Depois de Jurassic Park e Ghostbusters, agora chegou a vez de Men In Black ganhar novo fôlego nas telas com novos personagens baseados no universo consolidado na mente dos fãs.
Claro que duas décadas depois o mundo mudou. Então a cartilha de atualizaçãoo do universo da agência de serviço secreto dos homens de preto tabém mudou. Desta vez há mulheres. Como agentes e na liderança deles. A globalização acelerada pela internet também expandiu fronteiras. Agora a luta contra ameaças alienígenas é global. Então dá-lhe cenas em diversos países (Inglaterra, Franca, Itália, Marrocos, EUA). O que não mudou é justamente a intenção financeira do cinema pipoca. O objetivo continua sendo alcançar boas bilheterias, que tanto paguem a produção como também garantam a sobrevivência da franquia para o lançamento de outro título mais para a frente.
Quando Hollywood almeja apenas o dinheiro é que resta uma questão primordial para o cinema: pode se fazer tudo em nome da tal viabilidade comercial. Nem que seja abafar o potencial de um filme baseado em uma série de histórias em quadrinhos (lançada em 1990 por Lowell Cunningham) de extrema criatividade. Um monte de piadas fáceis e bobas se acumulam no decorrer do roteiro – que ainda acrescenta um personagem secundário (alienígena, claro!) para servir de escada à dupla protagonista. Como Tessa Thompson (Agent M) e Chris Hemsworth (Agent H) não têm a mínima vocação para fazer rir, chamaram o comediante paquistanês Kumail Nanjiani (oriundo do circuito do stand up e dos seriados de humor mas badalado recentemente em Hollywood após ter o longa Doentes de Amor indicado ao Oscar de roteiro original em 2018). E óbvio que, mesmo enaltecendo o poder, a bravura e a inteligência feminina, MIB Internacional siga o machismo ainda vigente na indústria cinematográfica americana e apresente volta e meia situações sexistas ou que reduzem a mulher nas relações entre humanos e aliens.
Sendo a quarta produção da franquia, este filme já perde naturalmente o poder de surpreender o espectador com personagens absurdos vindos de outros planetas. Também se enfraquece ao apostar em uma série de alusões a obras cultuadas do cinema, como Matrix e os longas de James Bond – aliás, a viagem frequente de um país ao outro reunindo cenas de ação e aventura já deixam clara esta intenção, apesar de haver ainda outras referências para quem tem a percepção mais atenta. Claro que diverte aquele que vai vê-lo sem muitas expectativas de arte, inovação ou mesmo inteligência na hora do humor. Este MIB: Homes de Preto – Internacional não passa de um filme pipoca eficiente naquilo que se propõe a fazer. Basta estar ciente disso.
MIB: Homens de Preto Internacional (Men In Black: International, EUA, 2019 – Sony Pictures). Direção: F. Gary Gray. Roteiro: Matt Holloway e Art Marcum. Com Tessa Thompson, Chris Hemsworth, Kumail Nanjianji (voz), Rebecca Ferguson, Emma Thompson e Lian Nesson. Sony Pictures. 114 minutos. Estreia nos cinemas brasileiros: 13 de junho.