Novo filme do Homem-Aranha troca essência de Peter Parker pelos Vingadores
Cotação: ★★★½
Estava demorando muito para acontecer. Depois do extremo sucesso de bilheteria do último Vingadores – que, no momento em que texto é escrito, está a menos de vinte milhõezinhos de dólares de alcançar o topo da lista de filme mais visto de todos os tempos – a nova trama do Homem-Aranha chega aos cinemas completamente dependente das referencias à superequipe dos heróis da Marvel.
Homem-Aranha: Longe de Casa faz as vezes de sequência de Vingadores: Ultimato
Atordoado pela falta do Homem de Ferro, Homem-Aranha vai para a Europa e enfrenta por lá uma nova ameaça para o mundo
sem ser, necessariamente, uma reunião de vários personagens da Marvel. O cerne da trama gira basicamente em torno da morte de Tony Stark/Homem de Ferro. Happy Hogan (Jon Favreau) vira uma espécie de tutor de Peter Parker (Tom Holland), sem falar no fato de que agora mantém um relacionamento amoroso com Tia May (Marisa Tomei), a tia do adolescente. Tudo, aliás, bem acertadinho com Stark, antes do mentor do Aracnídeo morrer em Ultimato. O novo super-herói Mysterio (Jake Gyllenhaal), apresentado logo na abertura da trama, já chega reivindicando a vaga de “novo Homem de Ferro para salvar o mundo dos mais terríveis vilões e ameaças”. E, claro, os oito minutos iniciais que mostram o último dia letivo na escola de Parker e seus amigos, tratam de fazem uma retrospectiva do que aconteceu de mais importante (blip, disparidade temporal, morte de alguns Vingadores) na mais importante peça de engrenagem do Universo Cinematográfico Marvel até aqui.
Exatamente por ser bastante dependente de Homem de Ferro e os Vingadores que este novo filme do Homem-Aranha acaba pecando justamente por se distanciar do principal elemento que fez a fama do herói-aracnídeo: o fato do Aranha ser uma pessoa comum, imersa no cotidiano de Nova York, com problemas comuns a todo adolescente: família, colégio, paixões e… a vizinhança. Disposto a espairecer um pouco de todo o abalo emocional provocado pela perda de Stark, o pupilo Peter decide embarcar com alguns amigos e dois professores para uma viagem para a Europa. Em Veneza (Itália), Praga (República Checa) e Londres (Inglaterra), acaba se envolvendo em enrascadas e confusões com uma nova ameaça mundial ligada aos elementos da natureza. Tudo, óbvio, sem ser perdido de vista por Happy e Nick Fury (Samuel L. Jackson), ex-diretor da S.H.I.E.L.D., que também auxilia o Aranha em sua empreitada contra a vilania.
Embora descarte a essência de Peter Parker dos quadrinhos, Longe de Casa não chega a ser um filme ruim. Tem ótimas sequências de ação, em especial a da parte final, que ocupa a Torre de Londres e a Tower Bridge, que fica ali do ladinho. Demora para engrenar, é verdade, mas depois que passa a brincar entre os limites do que é realidade e ilusão se torna uma história empolgante. Aliás, esta acaba sendo a melhor coisa deste novo longa do Aranha: fazer o espectador questionar até onde dá para acreditar naquilo tudo o que ele está vendo e o que acontece ao redor. Em tempos de bombardeios de fake news, isso vem bem a calhar, por sinal.
Vale também ressaltar que você só deve levantar da poltrona do cinema quando toda a projeção acabar na tela. Há surpresas durante os créditos finais, que inclusive podem dar pistas do que vem por aí. Tanto na próxima aventura do Homem-Aranha nas telas quanto nas outras produções do Universo Cinematográfico Marvel.
Homem-Aranha: Longe de Casa (Spider-Man: Away From Home, EUA, 2019). Direção: Jon Watts. Roteiro: Chris McKenna e Erik Sommers. Com Tom Holland, Samuel L. Jackson, Jake Gyllenhaal, Marisa Tomei, Jon Favreau, Zendaya, Jacob Baton, Angourie Rice e Tony Revolori. Sony Pictures. 130 minutos. Estreia nos cinemas brasileiros: 4 de julho.