Habilidades de conexão via comunicação não violenta

A comunicação não violenta se estabelece quando as pessoas envolvidas apresentam habilidades de conexão.

Vida Familiar

por Clarice Ebert
Psicóloga (CRP08/14038) e Terapeuta Familiar e de Casal
Publicado em 25 out 2024, às 12h33.

A comunicação violenta, que causa um efeito tóxico em qualquer relacionamento. É um tipo de comunicação não assertiva, que tem como base uma forma de falar e escutar que extravasa de um coração sem empatia e compaixão.

O vocabulário ofensivo da comunicação violenta gera um efeito tóxico no relacionamento, podendo causar desde pequenas chateações a profundas angústias. Em relacionamentos com esse tipo de comunicação, o diálogo dificilmente se instala, pois ocorrem mais ataques e defesas, ao invés de entrega aos agradáveis bate-papos harmoniosos ou à esperançosas conversas resolutivas.

Casamento com comunicação violenta

Em um casamento onde a comunicação é violenta, os cônjuges podem se cansar do relacionamento. Na utilização de vocabulários e tons de voz agressivos, ofensivos ou desrespeitosos, caminha-se na contramão da construção da intimidade.

Ao invés de se encontrarem como pessoas, numa reciprocidade que nutre o bem-estar conjunto, os cônjuges acabam se repelindo e se distanciando. Mesmo que sigam juntos, podem experimentar uma interatividade nada prazerosa, em que estar com o outro gera um fardo, muitas vezes, insuportável.

Vocabulário ofensivo

O vocabulário ofensivo sistematicamente recorrente pode sinalizar um relacionamento abusivo e tóxico. Comumente inclui desqualificação, comparação, interpretação, acusação, culpabilização, julgamento e condenação.

É especialmente devastador quando agregado às palavras “sempre” ou “nunca”. Elas geram a desesperança do reconhecimento de que se pode mudar, melhorar ou recuperar a si mesmo, o outro e a relação. Expressões como: “Você sempre é”, “Você sempre faz” ou “Você nunca é”, “Você nunca faz” carregam afirmações que expressam valorações definitivas, como se fossem diagnósticos fechados.

Valorar envolve emitir um juízo de valor sobre o que o outro é, sobre como se expressa e sobre como realiza as coisas. Chamar o outro de burro, por exemplo, ou de arrogante, incompetente, feio, horrível, insuficiente, configura um vocabulário tóxico, que alerta para a necessidade de revisão urgente da abordagem da comunicação, porque se trata de comunicação violenta.

A comunicação violenta pode se manifestar também sem palavras, mas recheada de grunhidos, olhares e gestos agressivos; outras vezes, pode se manifestar num silêncio, por horas ou dias, que grita alto, como se fosse um castigo, comunicando ao outro que não é merecedor de atenção e companhia.

Habilidades de conexão e a comunicação não violenta

Para termos relacionamentos saudáveis, é necessária uma comunicação saudável. Hoje se entende que a comunicação não violenta se estabelece quando as pessoas envolvidas apresentam habilidades de conexão. Na comunicação não violenta, é possível reformular como ocorre a expressão da fala e da escuta, para que a expressão comunicacional seja mais consciente e atenciosa.

Pessoas que adotam a comunicação não violenta são capazes de observar sem emitir juízo de valor. Observam também os sentimentos presentes e quais necessidades que envolvem esses sentimentos. Assim elaboram sua comunicação de forma mais clara, positiva e respeitosa, em apontamentos, avaliações, informações ou solicitações.

Revisar e se reposicionar com uma comunicação não violenta no casamento possibilita uma interação mais amorosa e respeitosa, que favorece a conexão, o vínculo e a intimidade do casal.