Manifestantes protestam no Rio de Janeiro contra morte de congolês
RIO DE JANEIRO (Reuters) – Gritos de “justiça”, “parem de matar negros” e “vidas negras importam” deram o tom do ato no Rio de Janeiro neste sábado (5) contra a morte do congolês Moise Kabagambe em frente aos quiosques onde ele foi torturado e morto no fim de janeiro.
O ato contou com a presença de representantes da comunidade do Congo no Rio, de entidades negras, organizações sociais e de sindicatos e centrais sindicais. A família do africano também acompanhou o ato.
“Agradeço a presença de todos aqui e peço justiça para meu filho e paz para todos”, disse a mãe de Moise, Ivana Lay.
Um viés político também foi dado por alguns participantes do ato, carregando faixas com com a inscrição “Fora Bolsonaro“. Gritos contra o presidente também saíram do carro de som que acompanhava ato. “Racista”, “fascista” e “não passarão!”, entoaram líderes do movimento.
Alguns manifestantes fizeram encenações da morte de Moise. Uma mulher com um pedaço de pau simulava o espancamento de homens negros deitados em frente ao local onde o crime ocorreu.
O clima ficou mais tenso com a chegada de integrantes da comunidade congolesa. O letreiro do quiosque onde Moise trabalhou como diarista foi destruído e alguns ameaçaram incendiar o local. Do alto do carro de som, vieram apelos para evitar a depredação.
A polícia monitorou o ato, mas não conseguiu evitar a interdição das pistas da avenida em frente o local do crime.
“Racistas matam negros todo dia. Temos um racismo institucional aqui. Aqui não foi xenofobia. Negro morre em todo mundo porque são negros”, disse a ativista Claudia Vitalino.
“Sou uma cidadã cansada de ver pessoas morrerem pela cor. Desde a escravidão é assim. É uma vergonha nacional”, disse à Reuters a veterinária Ana Cristina Arnaut.
A prefeitura do Rio anunciou que pretende transformar os quiosques Biruta e Tropicalia, onde Moise foi espancado e morto, em um memorial e um centro de divulgação da cultura africana.
A medida foi criticada por alguns manifestantes.
“Não formos consultados e precisamos mais do que isso. De uma política de assistência social, educacional em prol da comunidade negra”, afirmou à Reuters a ativista Patrícia Santos.
O quiosque Biruta, onde Moise trabalhava informalmente, antes de atuar no Tropicalia, era irregular. Ambos foram interditados pela prefeitura.
(Por Rodrigo Viga Gaier)