Mau pressentimento e tragédias: saiba como a ciência explica essa relação
Em entrevista ao portal RIC, um especialista revelou que este tipo de sentimento possui várias teorias de explicação; confira
A história de um pai que teve um mau pressentimento com a filha chamou atenção na última semana em meio a tragédia do voo 2283, que caiu em Vinhedo, São Paulo, e vitimou 62 pessoas. Além do caso da aeronave, relatos de “presságios” e “premonições” envolvendo outros acontecimentos também foram registrados (confira abaixo). Em entrevista ao portal RIC, um especialista revelou que este tipo de sentimento possui várias teorias.
Tragédia do voo 2283: pai de médica enviou mensagem antes de viagem: “Fica mais”
A médica paranaense Juliana Fávaro iria embarcar na aeronave que sofreu a queda, mas decidiu adiar a viagem após um pedido familiar.
“De última hora o meu pai me mandou um áudio, me mandou mensagem falando para mim não embarcar ontem […] eu acabei trocando a passagem e aconteceu tudo isso”, revelou Juliana em entrevista à RICtv. O pai da profissional de saúde definiu o caso como “pressentimento de pai”.
“Meu mundo caiu… a gente achou que era fake news, que era trote, aí começaram a vir as notícias. Foi muito desesperador”, concluiu Juliana.
Livramento? Jovem relata sensação ruim dias antes do deslizamento na BR-376, no litoral do PR
A auxiliar administrativa Amanda Maia, moradora de Tibagi, no Paraná, contou ao portal RIC sobre um mau pressentimento que teve em 2022, dias antes do deslizamento da BR-376. O desmoronamento sobre carros e caminhões que estavam na pista terminou com duas pessoas mortas, na divisa entre o Paraná e Santa Catarina.
Conforme a jovem, de 24 anos, ela o marido e o filho estavam em uma viagem no litoral do PR. A família estava fora de casa há uma semana e tinha marcado para voltar em uma segunda-feira. No entanto, dois dias antes, Amanda teve uma sensação ruim.
“Começou a me dar uma certa agonia e crise de ansiedade muito forte […] fiz meu marido voltar para Curitiba no domingo, já estava chovendo horrores”.
Já na estrada, a família ainda passou por um susto, após o carro em que estavam ser atingido por outro veículo. Por se tratar de uma colisão leve e devido à chuva forte, eles seguiram viagem até a residência.
“Segunda-feira, (data em que a família tinha marcado para voltar inicialmente), às 18h da tarde, nós já estávamos em Telêmaco Borba. Quando fui abrir o noticiário, estava lá o deslizamento de terra que teve. Morreu pessoas, caminhões foram levados”, relatou Amanda.
De acordo com a paranaense, o horário em que foi registrado o deslizamento aconteceu bem no horário em que eles estariam na rodovia se estivessem voltados na segunda.
Mau pressentimento: como a ciência explica
De acordo com o professor Marcelo Santos Lima, do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Laboratório de Neurofisiologia da UFPR, há muito tempo o tema é considerado um problema científico bastante complexo.
“Neurocientistas têm proposto um número crescente de teorias da consciência para tentar fechar (ou pelo menos reduzir) o ‘abismo explicativo’ que intuitivamente sentimos”, disse o professor.
Segundo Lima, os seres humanos são constantemente impulsionados a olhar para frente, imaginar o futuro e pensar sobre o que acontecerá. Esses mecanismos cognitivos desempenham funções importantes ao permitir a sobrevivência e vantagem reprodutiva, além de reduzir a incerteza psicológica sobre o futuro.
Com isso, essa chamada predição do corpo pode se manifestar de maneiras extremas, levando algumas pessoas a postular que os humanos podem ter desenvolvido a capacidade de prever o futuro, o que segundo o especialista, na prática, é impossível.
“A percepção de um ‘mau presságio’, ou uma ‘premonição’ pode ser interpretado como uma manifestação pré-consciente sendo gerada por centros cerebrais responsáveis pelo processamento emocional (sistema límbico), sendo estas emoções muitas vezes associadas a experiências anteriores. Sabe-se que, evolutivamente, quanto mais aversiva tenha sido esta experiência vivenciada, em primeira pessoa, ou não, (um acidente, por exemplo) mais forte será a marca cognitiva e emocional gerada. Tal associação pode produzir enormes efeitos deletérios na vida da pessoa como, por exemplo, um transtorno de estresse pós-traumático”, concluiu o Coordenador do Laboratório de Neurofisiologia.
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