Ucraniana refugiada no Paraná conta como sobreviveu a Stalin e Hitler
A ucraniana-brasileira Vera Kloczak, de 98 anos, moradora de Apucarana, no Paraná, foi testemunha ocular do sofrimento vivido pelos povos ucraniano no Holodomor na década de 30, e dos horrores nos campos de trabalho nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
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Mais conhecida como Dona Vera, a mulher vive no Brasil desde 1947 e sua história foi parar nos livros. “A Fortaleza de Wira” relata a vida da mulher que sobreviveu ao Holodomor e ao nazismo até sua chegada em Cambé, quando desembarcou em uma colônia de imigrantes do Leste Europeu.
O livro será lançado em outubro para todo o Brasil – país que concentra a maior comunidade ucraniana fora da Ucrânia. O evento de lançamento acontecerá em Curitiba (PR), no dia 14/10 às 19h, na Livraria Da Vila (Shopping Pátio Batel). Autor e coautor estarão presentes para sessão de autógrafos e bate-papo com o público.
Infância e a fome
Com apenas 8 anos de idade, Dona Vera sobreviveu ao período de “Grande Fome”, entre 1931 e 1933. A Ucrânia (já integrante da União Soviética) sofria com as políticas econômicas stalinistas que deram base ao Holodomor (Fome-Terror).
O governo Stalin confiscava grande parte da produção agrícola, causando a morte de 6 milhões de camponeses em um dos maiores genocídios do século XX. Enquanto criança, na pequena aldeia de Pyryatin, Vera Kloczak presenciou a morte de familiares, vizinhos e membros de sua comunidade por fome e inanição.
“Dona Vera é uma história ímpar para compreendermos o impacto desses eventos na vida das pessoas. Suas próprias identidades e visões de mundo são colocadas em cheque, ao que muitas vezes não se recupera mesmo posteriormente, diz o historiador e autor Anderson Prado.
Segunda Guerra Mundial e chegada ao Paraná
Aos 18 anos, Dona Vera foi levada como prisioneira de guerra pelas tropas alemãs que invadiram o Leste Europeu. Foi encaminhada como “escrava branca” (por não ser judia) para a Alemanha e, depois, para a França, onde foi obrigada a permanecer nos campos de trabalhos forçados e cavar trincheiras antitanques.
Ao fim da guerra, Vera Kloczak ainda se abrigou em um campo de refugiados na Alemanha, temendo as represálias stalinistas endereçadas aos “traidores” que permaneceram na nação germânica durante o conflito. Um dos fatos tratatos em seu livro conta sobre o sentimento de ser um “objeto descartável” como ser humano.
Em 1947 que Dona Vera (nome brasileiro que adotou em processo de aculturação) conseguiu imigrar para o Brasil, casada com um jovem ucraniano que a ajudou a sair do campo nazista de Estrasburgo. Ela chegou em uma colônia de imigrantes em Cambé (PR), e depois foi para Apucarana (PR), onde vive até hoje, viúva, na companhia de familiares.
Lançamento do livro
- Lançamento do livro “A Fortaleza de Wira”, de Anderson Prado e Henrique S. Vitchmichen
- Data: 14 de outubro de 2022
- Horário: 19h
- Local: Livraria Da Vila (Shopping Pátio Batel) – Av. do Batel, 1868 – Loja 314 – Batel, Curitiba – PR
- Evento gratuito e aberto ao público