Você sabe o que é Compliance Trabalhista? Entenda

por Aline Cristina
com assessoria
Publicado em 13 fev 2023, às 14h37. Atualizado às 15h31.

De um lado, um famoso chef, alçado ao estrelato, trabalha no caos da cozinha de um grande restaurante com estrelas Michelan. De outro, um chef premiado, falido e competitivo que atira pratos pela cozinha aos gritos, ofensas e provoca choro dos trabalhadores.

O primeiro é o enredo da série norte-americana The Bear (2022) enquanto o segundo é o roteiro do filme “Pegando Fogo” (2015). Entretanto, poderiam ser a narrativa de muitos restaurantes premiados e reconhecidos no Brasil ou internacionalmente que insistem em manter um ambiente de trabalho tóxico, além de baixos salários, jornadas extenuantes e assédio moral.

O advogado Jossan Batistute, sócio-fundador do escritório Batistute Advogados, aponta que estabelecimentos do setor precisam reformular a configuração interna e implantar um programa de Compliance Trabalhista a fim de minimizar ou mesmo evitar os velhos problemas. “A falta de um Compliance Trabalhista é um problema enfrentado por esses estabelecimentos, afinal, por meio do programa, as regras de relacionamento, organização e gestão laboral são estabelecidas e é exigido seu cumprimento”, avalia Batistute.

Compliance

Em todo tipo de empresa, um programa de Compliance “orienta e colabora para que sejam respeitadas as normas, com métodos de controle e organização”. “Muitas vezes, o comportamento dispensado ao trabalhador vem disfarçado de argumentos como amor à profissão ou dedicação ao trabalho”, ressalta o advogado Jossan Batistute. De acordo com ele, implantar um programa de Compliance Trabalhista ajuda a respeitar normas quanto às jornadas de trabalho, pisos salariais de cada categoria, além de monitorar e buscar evitar (ou, então, sanar) situações que configurem assédio moral.

“A viabilidade de um negócio passa pelo grau de comprometimento e felicidade dos trabalhadores. Por isso, se a atividade laboral for afetada pelo descumprimento de normas, por uma jornada exaustiva, por baixos salários e por um ambiente nocivo e tóxico, tudo isso contribui para a inviabilidade técnica, jurídica e econômica da empresa”, ressalta Batistute. Situações assim podem levar até a ações trabalhistas individuais com pedidos condenatórios diversos, incluindo por dano ou assédio moral, além de ações coletivas por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT), solicitando adequações e buscando punir e condenar ao pagamento de pesadas multas e outras penalidades.

A fim de evitar que se chegue num ponto como esse, o advogado orienta que todos os estabelecimentos do setor, sejam eles bares, restaurantes, boates, baladas, casas de elite, entre outros, implantem um programa de Compliance Trabalhista. “É a melhor maneira de trabalhar a prevenção e possibilitar um ambiente de trabalho saudável, em que todos estejam preocupados com o respeito às normas, com a adequação salarial, além de métodos de controle e organização, igualmente sempre buscando bem atender o cliente e, por consequência, maximizando os lucros do empresário”, diz.