A casa própria fica mais distante: impactos do aumento das taxas de juros no bolso da classe média
A partir de janeiro de 2025, os novos contratos passaram a apresentar taxas entre 10,99% e 12% ao ano, enquanto anteriormente variavam de 8,99% a 9,99% ao ano.
As recentes mudanças nas taxas de juros, especialmente aquelas anunciadas pela Caixa Econômica Federal, estão gerando apreensão no setor imobiliário, já fragilizado por desafios econômicos estruturais. As taxas, que subiram entre 1 e 2 pontos percentuais dependendo da modalidade de financiamento, têm impactado diretamente a classe média e os produtores do setor, criando um cenário descrito pelo setor como “crítico e complexo”.
A partir de janeiro de 2025, os novos contratos passaram a apresentar taxas entre 10,99% e 12% ao ano, enquanto anteriormente variavam de 8,99% a 9,99% ao ano. Nas linhas corrigidas pela poupança, os juros subiram de 3,1% a 3,99% para 4,12% a 5,06% ao ano, um aumento significativo que eleva o custo final do financiamento imobiliário. As linhas de crédito do programa Minha Casa, Minha Vida, destinadas a famílias com renda de até R$ 8.000 e imóveis de até R$ 350 mil, não sofreram alterações.
De acordo com Luiz Gustavo Salvático, vice-presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (ADEMI-PR), a situação é alarmante. “Quem mais paga imposto é quem está na produção, e é quem mais vai sofrer e ser esmagado. A inflação dos materiais e da mão de obra aumentou… Se a gente olhar o INCC dos últimos 12 meses acumulados, ele vem aumentando mês a mês.”
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que reflete a alta nos preços de materiais e mão de obra, tem pressionado os custos das construtoras. Somado ao encarecimento do crédito, o resultado é um mercado que se sente asfixiado, com consumidores incapazes de financiar imóveis e incorporadoras enfrentando margens de lucro cada vez menores.
Classe média é a mais prejudicada com o aumento das taxas de juros
O impacto do aumento nas taxas de juros para financiamento imobiliário é mais sentido pela classe média. Dependente de financiamentos para adquirir imóveis, muitas famílias estão vendo o sonho da casa própria se afastar ainda mais. Com parcelas mais caras e um cenário de crédito restrito, a demanda por imóveis vem retraindo, o que gera um efeito cascata de desaceleração no setor.
Além disso, a inflação e a redução nos depósitos na poupança – fonte principal de recursos para o crédito imobiliário – tornam o problema ainda mais agudo. Esse contexto afeta tanto os consumidores quanto os investidores do setor, que tem apresentado sinais de estagnação.
Sonho da casa própria fica cada vez mais distante
Para Luiz Gustavo Salvático, a soma dos juros altos, inflação persistente e custos crescentes colocam em risco o acesso à habitação, principalmente para a classe média. “Estamos engasgados com aspectos econômicos como a inflação e os aumentos do INCC, que comprometem tanto os empresários quanto os consumidores”, alerta. O mercado imobiliário, que é um dos pilares econômicos do Paraná, pede maior previsibilidade nas políticas econômicas. Medidas que equilibrem o controle inflacionário com estímulos ao crescimento são fundamentais para evitar que o setor entre em colapso e que a habitação se torne um privilégio para poucos.