Petrobras reduz preço do gás de cozinha pela 1ª vez em mais de dois anos
Por Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras informou nesta sexta-feira (8) que vai reduzir em 5,6%, a partir de sábado (9), o preço do gás de cozinha (GLP) para as distribuidoras, a primeira diminuição desde março de 2020, contando com um alívio na cotação do petróleo e no câmbio.
Os preços do gás de cozinha – um item que influencia os índices inflacionários e pesa especialmente no bolso dos mais pobres – acompanharam uma escalada das cotações do petróleo Brent nos últimos dois anos, assim como um fortalecimento do dólar frente ao real.
Mas recentemente o Brent perdeu força em relação à máxima de 139 dólares o barril registrada em março – maior nível desde 2008 -, sendo negociado agora apenas um pouco acima de 100 dólares. Além disso, o dólar está relativamente mais fraco frente o real, desvalorizando-se no acumulado do ano cerca de 15%.
“Acompanhando a evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, que se estabilizaram em patamar inferior para o GLP, e coerente com a sua Política de Preços, a Petrobras reduzirá seus preços de venda às distribuidoras”,
disse a companhia em nota.
O pico do petróleo em março havia influenciado uma alta de 16% no GLP realizada no mês passado pela Petrobras, assim como no reajuste de cerca de 25% no diesel e de quase 19% na gasolina, naquela oportunidade.
Esses aumentos expressivos deixaram insatisfeito o presidente Jair Bolsonaro, que decidiu por uma troca do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que deverá ficar no cargo até que o novo indicado assuma o posto, após uma assembleia na próxima semana.
A Petrobras ressaltou que o reajuste foi técnico, reiterando “seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado”.
A empresa informou que o valor do GLP passará de 4,48 para 4,23 reais por kg, equivalente a 54,94 por botijão de 13 kg, “refletindo redução média de 3,27 reais por 13 kg”.
Antes do anúncio desta sexta-feira, a última redução de preço do GLP havia sido em 31 de março de 2020, quando a cotação passou para 21,84 reais o botijão de 13 kg.
A diminuição do preço às distribuidoras, se chegar aos consumidores, poderá trazer um pequeno alívio para o bolso dos brasileiros, em momento em que a inflação em 12 meses atingiu 11,30%, conforme dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira.
O Sindigás, que representa as distribuidoras de gás, disse que os preços do GLP são livres em todos os elos da cadeia e suscetíveis às variações do mercado, e que não comenta oscilações de valores.
“As distribuidoras associadas não reportam ao Sindigás qualquer aumento ou baixa de preço e não há como fazer uma previsão ao consumidor”,
disse em nota.
Ainda de acordo com o Sindigás a escalada de preços, desde o início de 2020, vem reforçando a necessidade de ampliação do acesso ao botijão de gás aos mais vulneráveis por meio de programas sociais.
Já a Abegás, representante dos distribuidores de gás canalizado, disse que a redução anunciada nesta sexta-feira pela Petrobras “é um indicador da capacidade da empresa para ofertar combustível a preços mais competitivos”.
Em nota, a Abegás ainda fez “um apelo à Petrobras para que adote o mesmo tratamento ao gás natural”, dizendo que isso é fundamental para beneficiar diretamente os mais de 4 milhões de clientes residenciais, comerciais, industriais e usuários de GNV.
Disputa
Algumas distribuidoras de gás natural estão em disputas judiciais com a Petrobras sobre um reajuste nos preços.
Além da Gasmig, de Minas Gerais, controlada pela Cemig, que conseguiu na Justiça nesta semana reduzir o valor do gás contratado junto à Petrobras, mais cinco distribuidoras estaduais também obtiveram liminares contra o reajuste da estatal.
(Por Rodrigo Viga Gaier; texto de Roberto Samora)