Paraná mantém ritmo de recuperação econômica nas vendas do varejo

por Renata Nicolli Nasrala
com informações da Agência de Notícias do Paraná
Publicado em 10 set 2020, às 13h30. Atualizado às 13h31.

A recuperação econômica do varejo no Paraná se manteve em agosto após as intensas quedas registradas em abril e maio.

O boletim conjunturalelaborado pelas secretarias da Fazenda e do Planejamento e Projetos Estruturantes foi divulgado nesta quinta-feira (10), e mostrou que seis dos 11 segmentos analisados fecharam o mês com altas nas vendas em relação a agosto de 2019.

Recuperação econômica no Paraná: em agosto, número de segmentos com aumento nas vendas superou o de grupos em baixa

Desde o início da pandemia o número de segmentos com aumento nas vendas superou o de grupos em baixa no fechamento do mês de agosto.

Os setores em alta são:

  • áudio, vídeo e eletrodomésticos (50%)
  • informática e telefonia (20%)
  • materiais de construção e ferragens (15%)
  • cama, mesa e banho (11%)
  • hipermercados e supermercados (10%)
  • farmácias (4%)

Por outro lado, foram verificadas quedas nas vendas de:

  • restaurantes e lanchonetes (-40%)
  • calçados (-25%)
  • vestuário e acessórios (-16%)
  • veículos novos (-10%)

Os percentuais de queda, contudo, são os mais baixos desde março, o que demonstra reação constante.

No acumulado do ano, cinco dos 11 segmentos avaliados registram altas na comparação com 2019. São eles:

  • áudio, vídeo e eletrodomésticos (10%)
  • hipermercados e supermercados (9%)
  • farmácias (6%)
  • materiais de construção e ferragens (3%)
  • informática e telefonia (2%).

Outros seis segmentos avaliados ainda registram perdas:

  • restaurantes e lanchonetes (-36%)
  • calçados (-34%)
  • vestuário e acessórios (-28%)
  • veículos novos (-17%)
  • cama, mesa e banho (-13%)
  • cosméticos, perfumes e higiene pessoal (-8%)

Produtos que tiveram alta

No recorte de vendas totais por produto, que inclui as negociações de mercadorias entre empresas ao longo da cadeia produtiva e as exportações, vinte grupos tiveram altas em agosto, enquanto sete registraram perdas. Os principais destaques positivos no comparativo com o mesmo mês de 2019 foram:

  • linha branca (59%)
  • notebooks (53%)
  • telefones celulares (51%)

No acumulado de 2020, as maiores altas permanecem com o setor alimentício, espelhando comportamento da população durante a crise. Os destaques são:

  • cereais, farinhas, sementes, chás e café (34%)
  • frutas, verduras e raízes (23%)
  • carnes, peixes e frutos do mar (20%)
  • produtos químicos (20%)
  • notebooks (17%)

Por outro lado, as maiores baixas no ano concentram-se em:

  • vestuário (-27%)
  • automóveis (-27%)
  • caminhões e ônibus (-23%)
  • tratores (-15%)
  • motocicletas (-12%)

Além disso, o valor médio de emissão de Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) em agosto, na comparação com os meses anteriores, confirma a tendência de recuperação econômica.

CARNE, FEIJÃO, LEITE, ARROZ, ÓLEO: VEJA QUANTO SUBIU CADA PRODUTO NO PARANÁ

Houve crescimento nos comércios atacadista e varejista e na indústria de alimentos – a exceção foi a indústria de transformação, com pequena retração.

Na macrorregião Noroeste (região de Maringá e Umuarama) as quatro atividades examinadas registraram altas em agosto.

Foto: Ari Dias/AEN

Na macrorregião Leste (do Centro-Sul ao Litoral, passando por Curitiba, Campos Gerais e Região Metropolitana), apenas a indústria de alimentos já opera acima dos patamares observados antes da pandemia, em março.

A macrorregião Norte (Londrina e região) também registrou alta em três das quatro atividades avaliadas.

A indústria de transformação é atualmente o segmento com índice mais elevado, superando o patamar de operação pré-pandêmico já pelo terceiro mês consecutivo.

Na macrorregião Oeste o maior crescimento em agosto foi detectado no comércio atacadista: 11 pontos percentuais.

Empresas em atividade no Paraná

O estudo também aponta que 98% das empresas já estão em atividade no Paraná, em média.

Considera-se ativa aquela que emitiu ao menos um documento fiscal no período analisado, de 31 de agosto a 4 de setembro.

Alguns municípios já atingiram valor absoluto de 100%, que é uma referência ao começo da pandemia, como Maringá, Ponta Grossa, Colombo, Francisco Beltrão, Pato Branco, Araucária, Arapongas, Umuarama, Pinhais e Guarapuava.

Reabertura do Comércio. Foto: Ari Dias/AEN

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que reflete as vendas do mês anterior, voltou a registrar queda no consolidado do mês e ainda está longe de retomar os níveis pré-Covid.

O montante arrecadado em agosto foi de R$ 2,9 bilhões, 3,2% menos do que no mesmo período de 2019.

No acumulado de 2020, a queda na arrecadação do principal tributo do Paraná se mantém na casa de R$ 1,5 bilhão (-7,3%).

A baixa é puxada principalmente pelo setor de combustíveis, cuja participação representa 22% de todo o total do ICMS arrecadado no Paraná.

Em agosto, o segmento registrou variação negativa de R$ 173 milhões (-20%). O setor de energia, que tem 16% de participação na arrecadação do tributo, teve queda de 2,2%. O setor automotivo também perdeu em arrecadação (-15,6%), bem como o setor de serviços (-18%).

Por outro lado, segmentos significativos na composição do tributo tiveram alta este mês, como indústria (20%) e bebidas (8%).

O montante de ICMS apresentado no boletim é o total bruto arrecadado. A partir deste valor, 25% são repassados semanalmente para os municípios, de acordo com o índice para 2020 de cada um.

Além disso, 20% são repassados para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Ainda segundo a análise, as perspectivas para 2021 são de um Produto Interno Bruto (PIB) nacional 7% menor do que seria num cenário sem pandemia.

Como a arrecadação de ICMS tem forte correlação com a atividade econômica, uma queda nesta ordem pode retirar R$ 2,3 bilhões dos cofres estaduais no próximo ano.

Desta forma, reforça o estudo, não é provável que, em um prazo mais alongado, a arrecadação de ICMS retorne aos patamares esperados antes da crise.

VAGAS DE EMPREGO NO PARANÁ: ESTADO ABRE QUASE 9 MIL VAGAS FORMAIS EM JULHO

Os indicadores sobre o saldo de operações de crédito para pessoas jurídicas e a variação das exportações por mercado de destino, estudo mostra que nos sete primeiros meses deste ano o saldo do crédito concedido às pessoas jurídicas do Paraná cresceu mais de R$ 13 bilhões, totalizando R$ 107,3 bilhões. Os dados são do Banco Central.

Em relação ao comércio exterior, as exportações paranaenses somaram US$ 11,02 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2020, praticamente o mesmo valor registrado em igual período de 2019 (acréscimo de 0,1%).

Enquanto as vendas paranaenses para vários mercados tiveram queda, as exportações estaduais para a China e a Holanda avançaram significativamente, graças ao comércio das commodities agropecuárias.