Renault demite 747 funcionários da fábrica em São José dos Pinhais

Publicado em 21 jul 2020, às 18h32. Atualizado às 18h40.

Pelo menos 747 funcionários foram demitidos da fábrica da Renault em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) nesta terça-feira (21). Segundo a empresa, a decisão foi tomada por causa dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, que fez cair em 47% as vendas. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) deve decidir se faz greve ou não.

Em nota, a Renault informou que, em dois momentos, tentou negociar com o SMC uma forma de evitar as demissões. “Em 08/06, visando preservar os empregos, propusemos a redução de 25% de jornada de trabalho e salário na fabricação. Esta proposta não foi aceita pelo Sindicato, sendo ainda condicionada a outros temas”.

A segunda tentativa foi na quarta-feira (15) passada. “Dentre um conjunto de medidas de adequação de efetivo e competitividade, apresentamos o plano de demissão voluntária (PDV), melhor do que a proposta aprovada pelo Sindicato e colaboradores de outra empresa da região. Mesmo tendo melhores condições, esta proposta foi reprovada“, disse a empresa.

Sem negociação, a empresa disse que não encontrou outra alternativa se não o desligamento dos 747 funcionários. “Não restou outra alternativa para a Renault do Brasil, que anunciar o fechamento do 3º turno de produção e o desligamento de 747 colaboradores da fabricação do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais”.

Apesar da demissão, a Renault destacou que deve manter alguns benefícios dos funcionários. “Como forma de suportar os colaboradores nesse momento, além das verbas rescisórias legais – o que inclui indenização prevista na MP936 – a Renault concederá adicionalmente a extensão do vale-mercado integral até out/20, extensão do plano de saúde, mantendo a cobertura atual para o titular e dependentes, até dez/20″.

A Renault alega que a medida é para minimizar os impactos da crise e, ao mesmo tempo, viabilizar o futuro do negócio. Também afirma que a medida “está alinhada com projeto de redução de custos anunciado pelo Grupo Renault em maio, válido para todo o mundo.”

O complexo no Paraná produz os modelos Sandero Stepway, Logan, Kwid, Duster, Oroch, Master e Captur e também tem unidades de motores e injeção de alumínio.

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Foto: Reprodução.

Sindicato dos Metalúrgicos quer fazer greve contra as demissões na Renault

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) informou que já estava planejando liderar, também nesta terça-feira, uma assembleia na porta da fábrica da Renault, com trabalhadores de todos os turnos para decretar uma greve por tempo indeterminado.

Segundo o SMC, a montadora começou a demitir nesta tarde. “Na última sexta-feira (17) os trabalhadores reprovaram uma proposta de PDV apresentada pela empresas que englobava 800 demissões. Foi dado um prazo de 72h para que a empresa voltasse a negociar com o SMC”, disse o sindicato.

No fim de semana, o presidente do sindicato, Sérgio Butka, disse que se houvesse demissões aleatórias a entidade defenderia o início de uma greve. Segundo ele, o pacote para o PDV não era atrativo para os funcionários e as condições de quem permanecesse na fábrica também seriam mais precárias pois a empresa suspenderia reajustes neste ano e no próximo.