Revisão externa encontra problemas mais profundos em relatório "Doing Business" do Banco Mundial
Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) – Semanas antes de o Banco Mundial descontinuar seu relatório Doing Business, vitrine do organismo, após a abertura de uma investigação independente, um grupo de consultores externos recomendou uma revisão dos rankings do documento para limitar esforços de países para “manipular suas pontuações”.
Uma análise de 84 páginas –escrita por acadêmicos e economistas e que inclui um ex-ministro das Finanças colombiano– foi publicada no site do banco nesta segunda-feira, cerca de três semanas depois de ser submetida à economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart.
O Banco Mundial disse na quinta-feira que cancelaria a série “Doing Business” sobre clima de negócios nos países, citando auditorias internas e uma investigação independente a qual apontou que líderes do alto escalão da instituição –incluindo Kristalina Georgieva, que agora dirige o Fundo Monetário Internacional (FMI)– pressionaram a equipe a alterar dados para favorecer a China durante o tempo de Georgieva como presidente executiva do órgão.
Georgieva negou veementemente as conclusões das investigações.
A revisão publicada nesta segunda-feira foi escrita por um grupo reunido pelo Banco Mundial em dezembro de 2020, depois que uma série de auditorias internas revelou irregularidades nos dados de relatórios sobre China, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão.
O documento pede uma série de ações corretivas e reformas para abordar a “integridade metodológica” do relatório Doing Business, citando o que chamou de “um padrão de esforços governamentais para interferir” na pontuação dos relatórios nos anos anteriores.
Os especialistas criticaram a série Doing Business por falta de transparência em relação a dados e questionários usados para calcular as classificações. Eles pediram uma separação entre a equipe do Doing Business e as de outras operações do Banco Mundial e a criação de um conselho externo permanente de revisão.
Os autores também defenderam que o banco parasse de vender serviços de consultoria a governos com o objetivo de melhorar a pontuação de um país, observando que isso constituía um aparente conflito de interesses.
Em dezembro de 2020, disse a revisão, uma auditoria interna relatou que a administração do banco havia pressionado nove de 15 funcionários a manipular dados nas edições de 2018 e 2020 do índice Doing Business, levando a Arábia Saudita ao ponto “mais reformado” globalmente e impulsionando o rankings dos Emirados Árabes Unidos e da China, enquanto o Azerbaijão caiu do top 10 do ranking, relataram os consultores externos.