Saúde mental: responsabilidade individual e coletiva
Os últimos 14 meses tem sido intensos e já está cobrando um preço altíssimo para a saúde mental dos profissionais. Você pode notar que uma alguém da sua equipe está distante e até mesmo instável emocionalmente, que se irrita com facilidade, tem queda no rendimento, desatenção e esquecimento, bem como a falta de planejamento, sonhos ou interesse em crescimento profissional e pessoal. Estas características podem demonstrar que aquela pessoa não está bem, que precisa de ajuda. Alguns gestores por falta de conhecimento poderão julgá-la, considerá-la preguiçosa ou desinteressada pela empresa, mas os mais atentos terão sensibilidade de notar a real situação e chamá-la para uma conversa, que poderá auxiliá-la neste momento difícil.
O trabalhador nem sempre busca, por conta própria, auxílio psicológico ou psiquiátrico, por tanto, a empresa tem papel importante nesse encaminhamento. Hoje há protocolos dentro de algumas empresas para auxiliar funcionários com a saúde mental abalada. Uma pesquisa feita pela Hibou, empresa de pesquisa e monitoramento de mercado, com mais de 1.500 brasileiros, mostrou que uma a cada duas pessoas já pensaram em tirar a própria vida. O estudo também destaca que mais de 72% dos entrevistados conhece ou conheceu alguém que tentou ou se suicidou, sendo que deste percentual, 16,09% eram colegas de trabalho. Quando falamos em suicídio, uma morte já é muito. Considerando estes dados, em que 99,81% das pessoas acreditam que a depressão pode levar ao suicídio e que 61,89% dos brasileiros dizem que a doença pode ser motivada pela falta de perspectiva econômica e o desemprego, acompanhadas da submissão a cada vez mais tarefas, assédio moral ou sexual, temos uma bomba-relógio, prestes a explodir. Promover a conscientização é primordial.
O líder também precisa cuidar de sua saúde mental
Pessoas que estão em cargos de liderança tem estado sob muita pressão e stress. Você precisa cuidar da sua saúde mental e física para poder cuidar da sua equipe. E está tudo ligado. Se você não está com tempo para alimentar-se de forma adequada e seu dia está recheado de açucares e café para dar conta do ritmo por exemplo, isso impactará diretamente o funcionamento do seu cérebro. Há estudos recentes da Universidade de Queensland na Austrália que indicam que uma dieta baseada em açucares impactam a anatomia do seu cérebro e muitas evidências que associam com ansiedade e depressão.
Se o seu corpo não tem o mínimo de movimento isso impactará na liberação de hormônios de bem estar. Se você não faz pausas de qualidade seu corpo não se recupera do stress e tudo isso impactará a sua saúde mental e inevitavelmente a sua liderança também . Esse círculo destrutivo não termina bem. E sempre pensamos que não acontecerá conosco até que nosso corpo adoeça. E líderes doentes adoecem suas equipes. O que fazer? Primeiro estabeleça fronteiras e limites. Ao fazer isso, você dará o exemplo e sua equipe sentirá “permissão” de também dar esse limite. E busque ajuda especializada o mais breve possível.
Consciência e informação
Remover o estigma sobre o tema é crucial. Segundo pesquisa da Mind Share Partner, 60% dos profissionais nunca falaram sobre questões mentais com pessoas do trabalho. Abrir rodas de conversa onde passa ser discutido abertamente sobre o tema pode contribuir. Trazer informação, profissionais que falem sobre o tema também podem ajudar a sensibilizar. Colegas que já vivenciaram depressão, síndrome do pânico, burnout podem compartilhar o que sentiram, o que os ajudou, o que aprenderam com suas experiências.
Seja como for, é preciso qualificar esse problema como algo de responsabilidade individual e coletiva e mover-se para a ação. O que você pode fazer nos grupos que pertence para contribuir com essa temática?