Crianças do residencial Flores do Campo, em Londrina, enfrentam 'maratona' para estudar

por Ana Clara Marçal
com informações de Rafael Machado, da RICtv Londrina
Publicado em 11 fev 2022, às 17h46.

Seis quilômetros (três na ida e outros três na volta) de muito barro, poeira e sol. Quando chove, o trajeto fica impraticável. Esse é o caminho que as crianças do residencial Flores do Campo, em Londrina, norte do Paraná, enfrentam para irem estudar. As famílias que ocupam a área reclamam da falta de transporte para os filhos. Algumas das crianças são bem pequenas, de quatro anos.

“É duro enfrentar isso todo dia e a distância daqui para uma escola é muito longe. Em dia de chuva, não tem como passar com as crianças por aqui. Quando tá esse sol, é muita poeira, as crianças chegam na escola todas sujas de terra.”

fala Jean Carlos, que leva, junto da esposa, os três filhos para estudar.

Uma parte do trajeto é feita em estrada de terra. Quando chove, os pais contam que os filhos não conseguem estudar porque não há como sair com todo o barro. Chegando próximo ao destino, as crianças já estão cansadas e com dores no corpo, segundo as famílias.

“O menino já está cansado, exausto, ele sempre reclama da perna. Termina a estradinha de terra, ele já começa a falar que está cansado, com a perna doendo e tem que ir no colo, senão ele acaba nem querendo ir para a escola.”

conta Jean ao repórter Rafael Machado.

Improviso

Conforme apurado pela equipe da RICtv, estima-se que cerca de 300 crianças morem no Flores do Campo. Grande parte delas, no entanto, não aguentam a exaustão do caminho e acabam ficando em casa. Para evitar que elas fiquem sem qualquer estudo, os moradores criaram um projeto social de uma escola improvisada na Igreja Evangélica próxima às moradias.

“As crianças, aqui dentro, ficam um pouco depressivas por que não tem muito o que fazer […] a maioria aqui não vai para a escola, não tem condições por conta do barro e, quando chove, ninguém entra nem sai. Estamos montando esse projeto por conta disso, para salvar essas crianças disso. Aqui, reforçamos um pouco do estudo, do português, levamos eles para fazer artesanato. Trazemos muitas coisas boas enquanto eles não tem o estudo.”

comenta Juliane Furkin, que, mesmo sem formação na área, ajuda com as atividades.

O que diz o Município

Após a reportagem da RICtv Londrina, a secretaria municipal de Educação informou que irá providenciar um transporte para as crianças irem até as escolas. De acordo com a secretária Maria Tereza Paschoal, os pequenos que ainda não estiverem matriculados no Ensino Básico podem procurar a secretaria mais próxima para fazer a matrícula uma vez que elas contarão com transporte entre as próximas semanas.

“Ali é uma invasão, então, tem até uma previsão de construção de escola mas enquanto essa situação não se envolver a gente não pode, evidentemente, construir. As crianças estudam na escola mais próxima. Nunca teve o transporte lá, as crianças vão para a escola a pé. A gente vai começar a fornecer o transporte nos próximos dias, desenhamos a linha e já sabemos qual vai ser o trajeto. Vamos assinar um contrato para fazer o fornecimento do transporte lá.”

explica Paschoal.

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