Espetáculo Nêgo é menor do que poderia ser

O chamado “hip hop urbano contemporâneo” parece ser tudo de bom. A Companhia Urbana de Dança, formada por jovens que “saíram da linha de tiro” graças à força da arte, já é um presente à sociedade, por dar corpo ao grito de sua realidade. Somente eles o podem fazer com propriedade, a partir da resiliência buscando uma nova escrita – novo olhar e nova estética – para a negritude.

No entanto, o que vi em Nêgo foi um espetáculo que parecia “esticado”, dada a repetição de fórmulas coreográficas individuais e coletivas. Teria muita força para 30 minutos. O tema – em sua vastidão – poderia ter sido bem mais explorado, até pela riqueza coreográfica do movimento hip hop. E, apesar de haver apenas uma mulher no elenco, as coreografias giravam pelo feminino, pelo yin, faltando elementos retos, agudos, yang. Parece que esse elemento masculino foi deslocado aos pequenos discursos falados – em sonoplastia e ao vivo. E, neste quesito, o discurso ganha muito quando potencializado pelos recursos de áudio, sim. No entanto, senti falta de mais palavras ao vivo, individuais e em grupo.

Voltando às coreografias, acredito que ganhariam muito caso fossem aprofundadas em sua teatralidade. Não que seja preciso “contar uma história”; a utilização de fragmentos expressivos faz mais sentido com as muitas faces do tema. Falando nisso, poderia se contar com elementos cenográficos e de figurino, também no sentido não de embelezar, mas de dar voz a mais aspectos ou detalhes do movimento Hip Hop da comunidade.

É claríssimo o talento e o domínio técnico individual dos bailarinos – e é preciso salientar que isso é mérito também  de todo o processo realizado com eles. Talvez acreditar mais na potência das individualidades e ousar mais a partir delas. Criar uma riqueza coreográfica a partir dessa diversidade individual seria uma ótima ideia. E, se se deseja maior impacto,  é preciso mais cuidado com a exatidão dos movimentos coletivos. A “inexatidão” pode ser proposta estética para o todo ou para momentos do espetáculo, mas que seja uma inexatidão expressiva.

Feliz caminho a essa bela empreitada!

CAMPEONATO CARIOCA DE IMPROVISO: BESTEIRA DA BOA

Fui convidado pela produtora e jornalista Adriane Perin e agradeço demais. Não tem como não relaxar. E, além de todos serem engraçados, “há engraçados mais engraçados que os outros”. O que torna esses “jogos de theater sport” mais atraentes que um stand up é a ideia de ser tudo improviso”: as situações inusitadas em que os comediantes são colocados ao terem que representar cenas e formas sugeridas na hora pelo público.

A gente se diverte em ver como sofrem. Mais ainda em acompanhar como resolvem as situações. E os perdoa mais que perdoa os stand ups. Afinal, mesmo que se valham de alguns truques” (é a experiência), “é tudo improviso”.

Os comediantes cariocas colocaram, além dos “times” verde limão e abóbora, dois jurados improvisadores, um para o comentário ideológico e outro para o formal de cada cena. Também com tempo contado para sua apreciação técnica, os comentários muitas vezes compensam cenas não tão graciosas.

Qualquer um pode fazer em casa, não vai se machucar, vai rir, vai relaxar. Mas o palco e a relação com o espectador exigem mais. Por isso, fica a minha dica para parte do elenco: desenvolver-se mais na comunicação cênica e na construção de personagens vai ajudar muito.

A CENA DO CASAMENTO – COISAS DE FESTIVAL

Saía de um espetáculo de rua, no sábado, e me dirigia a outro, ali no Largo da Ordem. Subindo a rua, uma aglomeração à porta da Igreja do Rosário. Um casal de noivos na escadaria, tirando fotos. Em volta e além dos convidados, um grande número de pessoas esperando para ver como a peça continuava.

Por hoje é isso. Se tem dúvidas e curiosidades sobre Teatro, atuação ao vivo e para câmera, clown, expressão, locução, oratória e bichos semelhantes, falem comigo. Se não souber, indico quem saiba. Me procurem no Facebook!

30 mar 2015, às 00h00.
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