Mais Valentim menos Dia dos Namorados
Chegou o mês de junho, o mês dos apaixonados, no dia 12 de junho se comemora o Dia dos namorados no Brasil. O dia foi reservado para que os casais demonstrem o amor e cuidado mútuo. Na maioria dos países, essa data é celebrada em fevereiro e leva o nome de Valentine’s Day (dia de São Valentim, em tradução livre) que também é uma ocasião para homenagear outras pessoas queridas.
O Valentine’s Day, carrega uma história bonita de amor – e aqui vem nosso 7 a 1 – o Dia dos Namorados é um planejamento publicitário, uma data relacionada ao mercado e consumo.
Vou contar a história de origem do Dia de São Valentim (Valentine’s Day), comemorado na Europa e nos EUA em 14 de fevereiro.
A data é uma referência a um padre romano chamado Valentim, que no século III foi condenado à morte por contrariar as ordens do imperador Cláudio II. O monarca proibiu a realização de casamentos, pois acreditava que homens casados deixavam de ser bons soldados.
Porém, mesmo com a proibição, o padre Valentim, crendo que o casamento fazia parte dos planos divinos, continuou celebrando matrimônios. Ao ser descoberto, foi preso e morto pelo imperador, provavelmente no mês de fevereiro.
Antes de sua morte, quando era prisioneiro, Valentim se apaixonou por uma jovem e começou a lhe enviar cartas. Aparentemente, essas cartas eram assinadas como “do seu Valentim”. É por isso que uma das tradições da data é enviar cartões à pessoa amada.
No século V, o papa Gelásio, reconhece o padre Valentim como santo e institui o Dia de São Valentim. A partir disso, o padre passa a ser o símbolo dos apaixonados.
Outro fato que contribuiu para que a data fosse em fevereiro, foi a festa pagã em Roma intitulada “Lupercalia”, que aconteceu no mesmo período do ano.
O festival marcava a transição para a primavera e prestava homenagens a deusas mitológicas, com a prática de atos sexuais. Bem, de certa forma esse festival ainda “existe”, no Dias dos Namorados os motéis registram suas maiores reservas do ano.
Com a oficialização da religião católica, a Igreja resolveu banir o festival, transformando-o em um evento relacionado ao cristianismo.
Agora vamos falar da nossa comemoração, a história do Dia dos Namorados. Pensando em aquecer o mercado no mês de junho, considerado fraco em vendas, o empresário João Dória, formulou uma campanha publicitária em 1949, que sugeria o dia 12 de junho como uma data para demonstrar o amor ao parceiro através de presentes. Esse era o slogan da campanha:
“Não é só com beijos que se prova o amor”.
O data foi escolhida pois é a véspera do dia de Santo Antônio, considerado o “santo casamenteiro”. E até hoje, junho é um dos meses mais lucrativos para o comércio.
Como publicitário e jornalista, eu admiro o case de sucesso que é o “Dia dos Namorados”. Entretanto, como pessoa, acho bem triste.
Poxa, é um dia que celebra algo bonito, um sentimento, o se transbordar, o se doar. E namorar, viver a dois, não é um mar do presente clichê da data, então merece muito mais que apenas uma campanha publicitária, merece o Valentim.
Aqui, não estou no complexo de vira-lata, que de acordo com o dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues, é a inferioridade em que o brasileiro se coloca voluntariamente do resto do mundo. Mas diante da ocasião, tenho que dar o braço a torcer que nisso o deles é melhor, a data tem um sentido mais… do amor.
Então vamos comemorar o Dia dos Namorados com a simbologia do Valentine’s Day, que seja pelo amor, pelo carinho e parceria, e não por um luxo, que “obriga” pessoas a gastar dinheiro que muitas vezes nem podem.
Ao amor.