Norah Jones é um dos nomes mais interessantes da música mundial deste século. Com uma já extensa discografia que inclui sete álbuns, dois EPs, diversos singles e apelo menos um hit radiofônico global chamado “Don’t Know Why”. Passeia com fluidez entre diversos gêneros (pop, indie rock, country, jazz, soul, blues) e prima pela qualidade constante de suas gravações e participações especiais em duetos mais discos e grupos alheios. E de vez em quando ela vem cantar e tocar aqui no Brasil, o que acontecerá nos próximos dias. Depois de fazer escala em São Paulo e antes de ir ao Rio de Janeiro, Norah chega a Curitiba na próxima quarta-feira, 11 de dezembro, para uma apresentação às 20h, no Teatro Guaíra (informações sobre preços você tem aqui).
No último mês de abril Norah lançou seu novo álbum, Begin Again. O Trabalho é composto por sete faixas que ele compôs – quase todas em parceria com convidados especiais como Jeff Tweedy, vocalista do grupo Wilco – e gravou durante os dois últimos anos e havia disponibilizado somente como singles nas plataformas digitais. Este novo repertório vem sendo equilibrado com um bom de número de faixas do anterior (Day Breaks, de 2016, no qual acena para um retorno ao jazz, estilo que estou ao piano na universidade) nos shows mais recentes com os quais Norah vem fazendo nesta temporada.
À frente de sua banda, seja tocando teclados ou dedilhando uma guitarra, Norah traz um repertório chamado num grande guarda-chuva de gêneros conhecido como AOR – sugla para a expressão em inglês “rock direcionado para adultos”. O termo foi criado pela mídia norte-americana dos anos 1970 para designar os trabalhos de artistas que apostam em uma linguagem próxima do rock e da música pop mas que se distanciavam da tendência da época das guitarras estridentes, sonoridades mais pesadas e conjuntos de riff e refrão que funcionavam como estimulantes para levantar grandes multidões em estádios e arenas. Alguns dos elementos diferenciadores eram vocais suaves, letras mais elaboradas e arranjos mais dedicados, cheios de nuances para serem ouvidas com atenção e degustadas pelo ouvido sentado em poltronas de teatros e auditórios.
Nascida em 1979 em Nova York e filha de Ravi Shankar, um dos grandes nomes da música indiana do século 20 e guru citarista do guitarrista dos Beatles George Harrison, Norah iniciou sua carreira solo em 2000, logo depois de passar seus primeiros anos como profissional da música fazendo acompanhamento de concertos para jazzistas e o grupo de trip hop Wax Poetic. Em fevereiro de 2002 chegava às lojas o seu primeiro disco – já devidamente contratada pela Blue Note Records, uma das mais famosas gravadoras ligadas ao jazz – trazendo três faixas compostas por ela e uma série de releituras, como três faixas do amigo e parceiro Jesse Harris (entre elas “Don’t Know Why”, que em 2003 viria a ganhar três prêmios Grammy, inclusive o de canção e o de gravação do ano, depois de emplacar nas rádios do mundo inteiro) mais standarts de Hank Williams e Hoagy Carmichael. Foi o que bastou para Norah nunca mais sair de evidência dos noticiários musicais. Seja por novos discos solos ou trabalhos em parceria com bons nomes do rock alternativo, como Billie Joe Armstrong (Green Day), Jeff Tweedy (Wilco), o produtor Danger Mouse ou o grupo escocês Belle & Sebastian. Ou outros hits como “Sunrise” e “Come Away Me”, que nunca saem do repertório dos shows dela.
Esta não é a primeira vez de Norah e Curitiba. Ela já esteve se apresentando na capital paranaense, em 2010, durante a turnê relativa ao álbum The Fall. Nove anos depois ela retorna ao Brasil e à cidade mais madura musicalmente. Nem tão na crista onda do sucesso do mercado fonográfico, mas ainda assim com bastante doçura e charme.