Diretor-geral brasileiro da Itaipu fala sobre a Ponte Bioceânica
A experiência de mais de dois anos de obras da Ponte da Integração, entre Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (PY), será fundamental na construção de outra ligação entre os dois países: a Ponte Bioceânica Brasil – Paraguai, que vai ligar Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY). É o que afirma o diretor-geral brasileiro da Itaipu, general João Francisco Ferreira, que participou, nesta segunda-feira (13), de uma solenidade de apresentação do projeto da nova ponte, em Carmelo Peralta (PY).
O evento também contou com a participação do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez; dos governadores do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, e do Alto Paraguai, José Domingo Adorno; e do diretor-geral paraguaio, Manuel María Cáceres Cardozo, além de outras autoridades dos dois países.
Inicialmente, a cerimônia marcaria o lançamento da pedra fundamental e a assinatura da ordem de serviço da nova ponte, mas o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que participaria da cerimônia, não pôde chegar ao local devido ao mau tempo em Campo Grande (MS). O lançamento da pedra fundamental e a assinatura devem acontecer provavelmente em janeiro de 2022, com a participação dos dois presidentes.
“Como nossa ponte começou primeiro, a Diretoria de Coordenação da Itaipu, principalmente, por meio da engenheira Janine [Alicia Groenwold], prestou uma contribuição muito grande transmitindo o conhecimento adquirido para nossos companheiros da margem direita. Essa contribuição será positiva e vai facilitar a condução do processo”
afirmou o general Ferreira, se referindo a questões como desembaraço aduaneiro, edital de licitação e definições do projeto, entre outros estudos feitos na construção da Ponte da Integração e que vão agilizar as obras da Ponte Bioceânica.
A nova ligação internacional será construída sobre o Rio Paraguai e é considerada uma das obras mais importantes para a futura rota bioceânica – um corredor rodoviário de mais de 2,4 mil quilômetros entre os oceanos Atlântico, no Brasil, e Pacífico, no Chile, passando por Paraguai e Argentina. A nova rota dará acesso rodoviário aos portos chilenos (Antofagasta e Iquique), reduzindo em até duas semanas o tempo de viagem das exportações brasileiras e paraguaias para os mercados da Ásia, Oceania e costa oeste dos Estados Unidos.
Cerimônia
Para o presidente paraguaio, a rota bioceânica será “o novo Grande Canal do Panamá da região” – em alusão à megaestrutura localizada na América Central e que também faz a conexão entre os oceanos Atlântico e o Pacífico, através do Mar do Caribe.
“O Paraguai é um país sem litoral, sem acesso direto ao mar, com grande crescimento de sua produção agrícola de grãos, mas com pouca competitividade para os acessos aos grandes mercados. Esta ponte e essa rota vão permitir ao Paraguai ser um aliado estratégico para produção competitiva para a região e o mundo”, afirmou.
“Com a energia gerada pela Itaipu Binacional, podemos garantir que essas obras vão gerar desenvolvimento para nosso povo, emprego para nossa gente e prosperidade para nossa nação.” completou.
Reinaldo Azambuja destacou que o Centro-Oeste é a região de maior produção agrícola do Brasil e elogiou a “visão estratégica para o desenvolvimento da América do Sul” dos governos brasileiro e paraguaio. “Hoje, praticamente 68% das exportações do Centro-Oeste brasileiro são para países asiáticos. Essa nova rota bioceânica encurta caminho, aumenta a competitividade, diminui custo da produção e gera emprego, oportunidade e crescimento econômico”, disse o governador sul-matogrossense.
O diretor-geral paraguaio, Manuel Cáceres, salientou a importância do investimento para fortalecer a integração entre os países, que tem como símbolos a Ponte da Amizade e a hidrelétrica de Itaipu. “Temos uma ótima relação (com o Brasil). A nova ponte contribui para uma união ainda mais profunda em benefício dos nossos povos. Nós precisamos de uma ponte a cada 100 quilômetros e esse é um bom início para todos”, pontuou.
Nova ponte
O investimento na nova ponte será de US$ 102,6 milhões (cerca de R$ 575,5 milhões), custeados pela margem paraguaia da Itaipu. O Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC) do país vizinho, como entidade executora do projeto, cedeu a construção ao Consórcio Binacional PY-BRA, composto pela Tecnoedil Constructora S.A., Cidade LTDA e Paulitec Construções. O prazo de execução da obra é de 36 meses, com previsão de conclusão para 2024.
A ponte terá uma extensão total de 1.294 metros (incluindo o trecho estaiado e os viadutos de acesso), com largura de 20,10 metros. A parte estaiada, centrada no leito do rio Paraguai, terá 625,37 metros de extensão, com vão central de 350 metros. Desta forma, as fundações das torres principais serão levantadas fora do leito normal do rio.
A nova ligação bioceânica, destinada ao transporte rodoviário, vai intensificar as relações comerciais e sociais entre os países que atravessa: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, trazendo também esta nova rota para o Sul da Bolívia. Entrando no âmbito regional, a Rota Bioceânica unirá as áreas de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, no Brasil; Alto Paraguai e Boquerón, no Paraguai; Salta e Jujuy, na Argentina; e Antofagasta, no Chile.
Esta será a segunda ponte entre os dois países construída com recursos da Itaipu Binacional. A primeira é a Ponte da Integração Brasil – Paraguai, sobre o Rio Paraná, entre Foz do Iguaçu (BR) e Presidente Franco (PY), que já alcançou 73% de execução. A obra custou R$ 323 milhões – arcados pela margem brasileira da Itaipu – e deve ficar pronta até setembro de 2022.