Eleições 2024: transporte público de Curitiba é tema de primeiro episódio de série da RICtv

A partir desta segunda-feira (8), o Balanço Geral Curitiba apresenta a série "A Cidade que Queremos", mostrando os principais desafios que futuros prefeito e vereadores enfrentarão na administração da capital

por Luciano Balarotti
Com informações de Manuella Niclewicz, da RICtv
Publicado em 8 jul 2024, às 14h57. Atualizado em: 17 jul 2024 às 19h33.

A partir desta segunda-feira (8), o Balanço Geral Curitiba exibe a série “A Cidade que Queremos”, com reportagens que tratam dos principais temas que afetam o dia a dia dos curitibanos. Discussão importante em ano eleitoral, em que esses assuntos são abordados nas promessas dos candidatos à Prefeitura e à Câmara Municipal.

A primeira reportagem da série fala sobre a situação do transporte coletivo na capital. Curitiba tem hoje uma das passagens mais caras do país, e o que a população espera é um transporte com mais conforto, qualidade e segurança.

Linhas de ônibus Leste-Oeste terão mudanças, em Curitiba; confira quais
Curitiba tem uma das passagens mais caras entre as capitais brasileiras (Foto: Cesar Brustolin/SMCS)

As viagens de ônibus fazem parte da rotina diária de cerca de 593 mil curitibanos. Muitas vezes são horas dentro do transporte público e, em alguns horários, a lotação dos veículos é um grande incômodo para os usuários.

Mais de 1,1 mil ônibus circulam pela capital todos os dias para atender a demanda. Além disso, o sistema de transporte público da cidade é integrado a 15 municípios da região metropolitana. Contando apenas Curitiba, são 242 linhas.

URBS aponta defasagem no preço da tarifa, que subiu pela última vez em 2023

De acordo com a Urbanização de Curitiba (URBS), responsável pela operação do sistema, os custos para o funcionamento já passam dos R$ 7,10 por passageiro. Esta é chamada tarifa técnica que reúne todos as despesas do sistema. O maior percentual de gastos é com os salários da equipe e benefícios seguido com custos com combustível e encargos sociais.


Composição dos custos de operação do transporte público (Fonte: URBS)

O problema é que a estrutura não é auto suficiente e sobrecarrega os cofres públicos. Assim, a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Paraná precisam com subsídios para pagar a diferença entre a tarifa técnica e a tarifa social, que é aquela que os usuários pagam, atualmente com o valor de R$ 6,00.

Apenas nesse ano de 2024, o subsídio deve somar R$ 180 milhões, sendo R$ 60 milhões pagos pela prefeitura. O valor restante vem do convênio com o Governo do Estado para a integração metropolitana.

Curitiba tem uma das tarifas mais caras entre as capitais brasileiras

Mesmo com esses subsídios, Curitiba tem hoje a passagem mais cara entre as capitais brasileiras, ao lado de Florianópolis, em Santa Catarina; e Porto Velho, em Rondônia. O último aumento da tarifa aconteceu em março de 2023 e desde então o usuário paga o valor atual. Uma vantagem é que, com a rede integrada, o usuário consegue mudar de linha dentro do mesmo terminal sem pagar por uma nova tarifa. Mas mesmo assim, o valor é alto para se chegar ao lado de dentro e encontrar um serviço que segundo os passageiros deixa a desejar.

A elevação da tarifa nos últimos dez anos também é fonte de reclamações. neste período, a passagem saiu de R$ 2,85 para os atuais R% 6,00. Mas, como o atual contrato acaba no ano que vem, existe a esperança de uma queda de tarifa com a nova licitação. Essa possível redução, assim como a possibilidade de tarifa zero para a capital, aparecem entre as promessas de muitas campanhas.

Redução da tarifa pode aumentar os prejuízos na operação do sistema

Mas as estimativas da URBS apontam que, para a adoção de tarifa zero, seria necessário um subsídio mínimo de R$ 1 bilhão por ano. Considerando o aumento de passageiros que deve ocorrer nesse caso, o valor anual poderia chegar a R$ 2,5 bilhões, o que corresponde a 20% de todo o orçamento de Curitiba.

A linha vai beneficiar moradores da rmc
Algumas linhas do transporte público fazem integração com cidades da Região Metropolitana de Curitiba (Foto: Reprodução/ AMEP)

É importante ressaltar que as análises acontecem em meio a redução, a cada ano que passa, do número de passageiros. O volume hoje já é 26% menor do que o registrado há dois anos, quando a média foi de 744 mil usuários. E mesmo assim as cenas de lotação em horários de pico se repetem todos os dias. Até porque a última ampliação de frota aconteceu em 2018. 

Segundo a URBS, outros pontos que fazem com que a tarifa fique mais cara para todos é o número de beneficiários que contam com desconto ou gratuidade. Hoje, não pagam a tarifa cerca de 238 mil pessoas entre idosos, motoristas e cobradores, carteiros, policiais e guardas municipais em serviço além de estudantes que têm isenção de metade do valor.

Propostas para o futuro incluem adoção de novos modais de transporte

As canaletas exclusivas dos ônibus expressos, que já foram símbolo de inovação na cidade, hoje são insuficientes para desafogar o trânsito. E as estações-tubo que ficaram conhecidas em todo o mundo ao serem implementadas, hoje também são alvo das reclamações dos usuários e por falta de conforto e manutenção.

Para tentar amenizar o problema a prefeitura deu início a um processo de modernização das estruturas via financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. A estação Prisma Solar Agrárias, no bairro Cabral foi o modelo piloto com inovações como painéis fotovoltaicos, ar condicionado e pontos de recarga USB. Outras 11 estações do mesmo modelo ainda devem ser licitadas na atual gestão.

Novo modelo de estação é uma das tentativas de ampliar o conforto para os usuários (Foto: Divulgação/SMCS)

Mas a grande revolução do transporte público só deve acontecer mesmo com a implementação de novos modais. Os primeiros ônibus elétricos da cidade começam a circular em linhas urbanas neste mês de julho. Em um primeiro momento serão seis ônibus, na linha Interbairros I. A atual gestão também firmou uma parceria com o Governo do Paraná e a Prefeitura de São José dos Pinhais para a implantação e concessão da primeiro veículo leve sobre trilhos (VLT) da região. A proposta é que esse novo modal faça futuramente a ligação entre o Centro Cívico de Curitiba e o Aeroporto Internacional Afonso Pena.

Ônibus elétricos são entregues em Curitiba
Primeiros ônibus elétricos já integram a frota da capital (Foto: Divulgação/ BYD)

Mais do os novos modais e o sonho da diminuição da tarifa, o transporte público que a população de Curitiba quer e merece é com o mínimo de conforto. A climatização dos veículos e das estações, por exemplo, é uma prioridade apontada pelos usuários. Assim como a ampliação da frota e a manutenção de veículos que estão vandalizados. Mas no fundo, o que os moradores da cidade querem mesmo é o fim da excessiva lotação dos ônibus nos horários de pico, e um mínimo de agilidade ao deslocamento dos usuários. A reportagem completa você acompanha no Youtube da RICtv.

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