Empresa que constrói Ponte de Guaratuba entra em recuperação judicial
Odebrecht Engenharia e Construção, a principal empresa do Consórcio Nova Ponte, está com dívida de R$ 25 bilhões
A principal empresa do Consórcio Nova Ponte, a OEC (Odebrecht Engenharia e Construção), que faz parte da holding Novonor, o antigo Grupo Odebrecht, entrou com pedido de recuperação judicial. A ação foi aceita na justiça na última quinta-feira (27).
Segundo nota divulgada pela OEC, a dívida estimada da empresa chega a US$ 4,6 bilhões, o que pode ser convertido em R$ 25,67 bilhões na cotação do dólar hoje (1). E, com a recuperação judicial, ficam suspensas as execuções, apreensões e penhoras por credores sujeitos à recuperação pelo prazo de 180 dias. Os sócios devem prestar contas até o dia 30 de todos os meses enquanto a situação não estiver normalizada.
A empresa tem 21 obras sendo executadas no país, além de outras dez no exterior.
Em relação à principal obra de infraestrutura do Litoral do Paraná, a OEC gere 50% do Consórcio Nova Ponte, que é o grupo de empresas responsável por tirar do papel a estrutura que vai ligar as cidades de Matinhos e Guaratuba.
Neste momento, a obra está na etapa de fundação, com a fabricação das estacas e vigas de concreto pré-moldado que servirão de sustentação para o restante da estrutura. De acordo com o engenheiro civil Márcio Ramos de Araújo, que compõe a equipe de engenharia do Consórcio Nova Ponte, o tempo estipulado para finalizar esta etapa é de, aproximadamente, oito meses. A estrutura total tem previsão de conclusão de 24 meses, devendo ser entregue entre abril e maio de 2026.
Procurado para comentar como esse pedido de recuperação judicial impacta nas obras e no planejamento da Ponte de Guaratuba, o Governo do Paraná decidiu não se manifestar.
Leia a nota da empresa na íntegra
“A OEC iniciou hoje etapa formal para reestruturação de passivos e viabilização de aporte de caixa, por meio de recuperação judicial, visando a equalização da sua estrutura de capital. A iniciativa visa permitir o equacionamento da dívida e, ao mesmo tempo, incrementa seu fluxo de caixa dentro de um contexto favorável de retomada dos investimentos no setor de infraestrutura e construção pesada, que já se reflete no novo ciclo de crescimento da companhia.
A reestruturação foi concebida com perímetro restrito ao ambiente Brasil. O processo não afeta a rotina operacional dos contratos em curso ou a execução de novos. Atualmente, a OEC possui 31 obras ativas, sendo 21 no Brasil e 10 no exterior, empregando mais de 15 mil profissionais diretos e indiretos, com uma carteira de projetos assinados de US$ 4,6 bilhões, podendo superar US$ 5 bilhões no presente ano. De 2020 a 2023, a ampliação média anual da carteira de projetos foi de 60%, marca que será superada no exercício atual.
O formato para viabilizar a concessão do crédito por investidor financeiro foi o financiamento na modalidade DIP Financing (debtor-in-possession), um aporte de caixa que ocorre num ambiente protegido sob supervisão judicial. O financiamento em negociação pode chegar a R$ 650 milhões, e será destinado para: (i) equacionar o endividamento existente; (ii) reforçar o fluxo de caixa da OEC; e (iii) fomentar suas atividades, com a injeção de liquidez para financiar projetos, obter garantias e assegurar capital de giro para viabilizar a conquista de novos projetos.
Tendo em vista as negociações prévias com parte expressiva dos principais credores financeiros, a recuperação judicial poderá ser implementada de forma mais célere e controlada, em prazo inferior àquele usualmente necessário em iniciativas desse porte. “O foco central é reestruturar US$ 4,6 Bi em passivos financeiros e operacionais, além de operações antigas dentro do mesmo grupo (intercompany)”, detalha Lucas Cive, CFO da empresa.
“Esta estrutura mostrou-se como a mais apropriada para adequação dos passivos e viabilização de uma captação de novos recursos”, afirma Maurício Cruz Lopes, presidente da OEC. “A iniciativa fortalece a OEC não apenas nos projetos em andamento e na conquista de novos, como também no atendimento a credores e fornecedores”.
A formatação da reestruturação e da parceria para aporte de caixa é resultado de um amplo planejamento construído com a participação de algumas das mais experientes assessorias especializadas, como Lazard, Cleary Gottlieb, E. Munhoz Advogados, RK Partners e Stocche Forbes Advogados.
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