Advogado celebra júri de delegado condenado por feminicídio: “Não para o machismo”
Delegado da Polícia Civil do Paraná, Erik Busseti foi condenado a 38 ano e 10 meses de prisão
As equipes de advogados que representam as famílias de Maritza Guimarães de Souza e Ana Carolina de Souza, mortas em março de 2020 pelo delegado Erik Busseti, celebraram o resultado do júri popular anunciado na madrugada desta sexta-feira (5). O réu foi condenado a 38 anos e 10 pelo duplo feminicídio.
“Com certeza era o que esperávamos. Foram 4 anos e 4 meses em um julgamento de quatro dias. Hoje nós falamos um não para a covardia, um não para os maus métodos, um não para o machismo, e principalmente, está advertido, o mau está aí e às vezes o mau exerce cargos. Às vezes é necessário que a sociedade se organize e julgue com rigor esses covardes”, declarou o advogado Samuel Rangel, que representa a família de Ana Carolina.
A advogada Louise Mattar Assad, que representa a família de Maritza, também comemorou o resultado do júri. “Nós saímos com sentimento de justiça. A família da Maritza se sente com justiça, é o encerramento de um ciclo”, comentou Louise.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) reforçou ao final do júri que ficou nítido o crime de feminicídio.
“O que mais fica claro e importante é que haja essa responsabilização devida, passada no devido processo penal, e, principalmente, que as vítimas não foram invisibilizadas. A memória delas foi trazida e Curitiba reconheceu que sim, sempre houve dois feminicídios”, contou Ticiane Pereira, promotora de Justiça.
Advogados de delegado prometem recorrer
A equipe de advogados que representa o delegado Erik Busseti comentou ao final do júri que irá recorrer à decisão, principalmente em relação a condenação por duplo feminicídio.
“Ficou mais do que caracterizado que não foi feminicídio, apenas por um voto. Um julgamento histórico, muito esperado, e que a defesa enfrentou técnica e juridicamente de maneira a dar cada um o que é seu”, falou Claudio Dalledone Jr, na saída do Tribunal.
Júri popular termina com condenação de delegado
Os três primeiros dias de julgamento do delegado Erik Busseti foram marcados pelos depoimentos das testemunhas e vários questionamentos por parte das equipes de advogados, tanto de acusação como de defesa.
Na segunda-feira (2), primeiro dia de julgamento, foi realizado o sorteio dos jurados, que definiu cinco homens e duas mulheres. Na sequência, após leitura do caso, foram ouvidas três testemunhas arroladas pela acusação.
A primeira testemunha foi uma escrivã da Polícia Civil, responsável por analisar as imagens das câmeras de segurança da casa e por montar o relatório das apreensões. Esta é a única autoridade policial arrolada no processo. O depoimento começou por volta das 11h50 e só foi finalizado próximo das 18h.
A equipe de defesa do réu realizou diversas perguntas e insistiu em alguns questionamentos. Após a conclusão do depoimento, outras duas testemunhas foram ouvidas – um homem e uma mulher.
As testemunhas eram vizinhas de Erik e Maritza e contaram um pouco sobre a rotina do casal. Nos depoimentos, que foram mais rápidos, as testemunhas relataram que não presenciaram muitas brigas entre o réu e a esposa.
Já na terça-feira (2), segundo dia de júri, foram ouvidas quatro testemunhas arroladas pela equipe de defesa. Familiares de Maritza e Ana Carolina estiveram em frente ao Tribunal do Júri e levaram faixas de protesto. Em uma das faixas, os parentes lembraram que Ana Carolina completaria 21 anos naquele dia.
No terceiro dia de júri, nesta quarta-feira (3), foram ouvidas mais três testemunhas de defesa e uma foi dispensada. Entre as testemunhas estavam o irmão do delegado, Maurício Wermelinger Busetti, o médico psiquiatra Hewdy Lobo e a perita judicial Jussara Joekel. Leocadio Casanova, especialista em inteligência pericial, foi dispensado.
Já nesta quinta-feira (4), o julgamento foi retomado com o interrogatório do réu e na sequência foi realizada a sessão de debates entre a acusação e a defesa. Os trabalho no Tribunal do Júri avançaram durante a noite e somente na madrugada de sexta-feira (5) a juíza Mychelle Pacheco Cintra Standler leu a sentença com a condenação.
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