Bate-boca entre promotor e advogados interrompe júri no PR: "Safado! Pilantra!"
Um bate-boca envolvendo os advogados Cláudio Dalledone Júnior, Adriano Bretas e Renan Pacheco Canto, e o promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná Thiago Trevizoli Justo, está repercutindo nas redes sociais. No vídeo postado nos perfils dos advogados, o promotor aparece chamando Canto de safado, dizendo que os profissionais eram pilantras e que seus honorários eram provenientes “do crime” e “do tráfico”.
A confusão quase terminou em briga física, quando os advogados e o promotor se levantaram de seus lugares e continuaram o bate-boca, e foi necessária a intervenção de agentes da Polícia Militar que acompanhavam a sessão, conforme o vídeo mostra. O portal RIC não teve acesso ao vídeo na íntegra e ressalta que as imagens foram editadas pelos advogados para publicação nas redes sociais, com cortes e legendas inseridas. Por isso, não é possível observar como os advogados reagiram às ofensas do promotor.
Assista ao vídeo do bate-boca entre promotor e advogados:
O júri em Cascavel
A situação foi registrada nesta terça-feira (23), em sessão do Tribunal do Júri de Cascavel, no Oeste do Paraná. Ao todo, oito pessoas estavam sendo julgadas e 10 advogados faziam a defesa dos acusados de envolvimento na morte de Ricardo de Oliveira Mauss, em fevereiro de 2020. A briga aconteceu enquanto a primeira testemunha de defesa, um investigador da polícia, estava sendo interrogada pelo advogado Renan Canto.
Segundo Canto, o promotor começou a proferir ofensas, foi até o banheiro localizado atrás da acusação, puxou a descarga e disse que a credibilidade do advogado estava indo pelo ralo.
Com a briga, o Conselho de Sentença foi dissolvido.
OAB de Cascavel se manifesta
A Ordem dos Advogados do Brasil de Cascavel repudiou a atitude do promotor e se manifestou sobre o caso.
“O ocorrido é gravíssimo e atinge a todos os profissionais da área, motivo pelo qual a Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção Cascavel/PR, REPUDIA veementemente todo e qualquer ataque covarde ao exercício da Advocacia. O ato como o concretizado no vídeo, e gravado na sessão do tribunal do júri de 23 de abril de 2024, encartado nos autos pertinentes, viola as prerrogativas dos Advogados e Advogadas quando no pleno exercício do seu mister”, relataram o presidente da OAB Cascavel, Alex Gallio, e o Presidente da Comissão de Defesa de Prerrogativas Profissionais de Cascavel, Alessandro Rosseto, em nota.
“Com a lucidez e a ponderação que se exige, a Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção Cascavel, juntamente com a Seccional Paraná, tomarão as medidas pertinentes, de modo a garantir o respeito à prerrogativa profissional garantida legalmente, porquanto a Advocacia é indispensável à administração da Justiça (art. 133 da Constituição da República Federativa do Brasil), inexistindo “hierarquia, nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos” (art. 6º, caput, da Lei nº 8.906/1994 i grifamos)”, informaram os representantes da OAB.
Os advogados Dalledone, Bretas e Canto também se manifestaram, categorizaram a atitude como absurda e afirmaram que vão “até as últimas consequências” para que o promotor seja responsabilizado. “Agressões absurdas, criminosas, esse promotor de Justiça tem que ser punido, na frente de todo mundo, de toda a sociedade, sujeito sem nenhum equilíbrio emocional”, relatou o advogado Claudio Dalledone.
ATUALIZAÇÃO
Em nota, o Ministério Público do Paraná informou que o vídeo na íntegra mostra os advogados dirigindo “graves ofensas ao promotor de Justiça. Veja a nota do MPPR:
“No caso em questão, referente ao vídeo editado que tem circulado nas mídias sociais, o Ministério Público do Paraná reafirma que a atuação de seus agentes ministeriais se pauta no estrito cumprimento da lei e na defesa dos direitos das vítimas, representadas pela instituição nos julgamentos de crimes contra a vida. Na íntegra do vídeo da sessão do Tribunal do Júri de Cascavel, ocorrida nesta terça-feira, 23 de abril, é possível verificar todos os fatos, sem edição, inclusive os trechos em que os advogados dirigem graves ofensas ao promotor de Justiça. O Ministério Público do Paraná reitera seu compromisso institucional com a verdade e o respeito às vítimas de crimes e seus familiares, especialmente no âmbito dos julgamentos do Tribunal do Júri”, disse a nota.
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