Caso Georgia: Mãe de criança morta com sinais de tortura é condenada a 16 anos de prisão
Após 15 horas de julgamento, o Juiz de Direito de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, anunciou a sentença de 16 anos e 7 meses de prisão contra Suellen Tissi Barbosa. A mulher é mãe da pequena Georgia, que morreu aos 7 anos no dia 11 de maio de 2020, com marcas de agressão pelo corpo. O padrasto da criança, Wanderlo Patric de Souza, chegou a confessar o crime, mas a Justiça entendeu que a mãe tinha envolvimento.
De acordo com o juiz, a mulher foi condenada por tortura. No dia que a criança foi levada pelos pais ao Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, Suellen e Wanderlo contaram aos médicos que a pequena havia caído em casa. Porém, as marcas de lesões pelo corpo chamou a atenção dos profissionais que logo acionaram a polícia.
Durante o julgamento no Fórum de Piraquara, a defesa alegou que o caso não tratava-se de um crime doloso – quando há intenção. Por esta maneira, o julgamento não poderia ser feito pelos setes jurados convocados e sim pelo Juiz de Direito. Após a desclassificação do tribunal, o juiz decidiu pela condenação da ré pelo crime de tortura com resultado de morte.
Suellen já estava presa e permanecerá em regime fechado. O advogado de defesa informou que irá recorrer.
O padrasto, que chegou a confessar o crime, morreu em abril deste ano vítima de câncer.
Relembre o caso Georgia
Georgia foi levada até o Hospital Angelina Caron no fim da noite do dia 11 de maio. Segundo informações da médica que realizou o primeiro atendimento, ela estava nua, coberta apenas por uma jaqueta e tinha vários hematomas pelo corpo. Em um exame mais detalhado, os legistas encontraram uma lesão nas partes íntimas da menina, e a suspeita é que a menina tenha sofrido abuso sexual.
“A própria médica que diagnosticou ela logo no início já não poderia afirmar que essas supostas lesões em suas partes íntimas eram em relação aos abusos sexuais”, disse o advogado Luis Gustavo Janiszewski
Na época a equipe da RICtv conversou com o motorista de aplicativo que levou o casal e a criança para o Hospital Angelina Caron.
“Às 22h23 ele mandou o primeiro áudio desesperado pedindo socorro, aí ele mandou o segundo áudio pedindo socorro que a filha dele tinha caído e batido com a cabeça. Eu perguntei ‘é urgente?’ Porque eu estava em casa, aí ele falou que era urgente nos próximos áudios, bem apavorado”.
relatou o motorista.
“Oi cara, é urgente, cara, minha filha caiu aqui, acho que ela está inconsciente . Preciso urgente levar ela ao médico por favor, é urgente mano!”, dizia o padrasto no áudio.
O motorista contou que na hora percebeu que não tinha mais o que fazer, mas mesmo assim seguiu para o hospital. “Com toda velocidade fui para o Angelina Caron, furando sinal, lombada e pedindo para ela alcançar a mão da menina na minha mão, eu puxava o braço para trás e pegava na mão da menina e ainda estava morna. Chegando no Caron, foi constatado que não teve nada de queda em casa, eles mesmos que fizeram essa ato com a criança em casa”, contou.
Relacionamento abusivo
Suelen foi presa, num primeiro momento, suspeita de ter sido negligente. Ela chegou a ser solta, mas voltou à prisão onde está há mais de um ano. A mulher relatou que tinha medo do companheiro e que nunca conseguiu sair do relacionamento abusivo.
De acordo com o advogado Luis Gustavo Janiszewski, Wanderlo dizia que era responsável pela educação da Georgia e por ‘tomar conta’ financeiramente da casa. Ele ainda teria pego o celular da Suellen para impedir que ela tivesse contato com os familiares durante os três meses de relacionamento.