Caso Guaranho: Júri popular de ex-policial penal começa nesta quinta (4)
O júri popular do caso Guaranho, que investiga a morte do guarda municipal Marcelo Arruda, começa nesta quinta-feira (4), em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. O ex-policial penal Jorge José da Rocha Guaranho foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. O julgamento está marcado para às 8h30.
No Fórum de Foz do Iguaçu, no Polo Centro, serão sorteados sete jurados para o julgamento de Guaranho. Ao todo, 35 pessoas foram convocadas para esta manhã e as que não foram selecionadas serão dispensadas. Os jurados escolhidos não podem ter contato entre eles até a finalização do júri, que deve terminar até esta sexta-feira (5).
Após a definição dos jurados serão ouvidas 10 testemunhas, sendo cinco da equipe de acusação e cinco da defesa de Guaranho. Na sequência das oitivas será a vez do réu falar no Fórum de Foz do Iguaçu.
Depois desta etapa, os advogados de defesa e acusação devem debater por pelo menos três horas. Caso seja necessário, o juiz Hugo Michelini Junior pode determinar um tempo extra para a réplica e tréplica. No final deste processo, os jurados devem definir os votos e o juiz declarar a absolvição ou condenação de Guaranho.
Defesa alega intolerância político-partidária
Os advogados Daniel Godoy Junior e Andrea Pacheco Godoy são os responsáveis pela defesa de Marcelo Arruda e acreditam que o crime foi motivado por intolerância político-partidária. O assassinato aconteceu durante a festa de 50 anos da vítima, que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores (PT).
“O crime é de ódio e tem como pano de fundo a violência política. O contexto foi esclarecido não apenas pelo testemunho dos convidados e da família da vítima, mas também pelas imagens registradas por câmeras de segurança, posicionadas dos lados de dentro e fora do salão. Foi um homicídio cometido a sangue frio e o julgamento terá caráter sancionador da responsabilização do acusado, com consequências de natureza pedagógica para toda a sociedade, já que envolve um contexto de violência política insuflada na campanha de 2018 e seguintes, que precisa ser cessada no nosso país”, defende o advogado Daniel Godoy Junior.
Na época, Jorge Guaranho compartilhava nas redes sociais postagens alinhado ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Guaranho segue preso e advogado acredita em absolvição
O réu, Jorge Guaranho, está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Recentemente, ele foi demitido do cargo de policial penal por decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por uso de recurso material da repartição em atividade particular (arma), improbidade administrativa e incontinência pública. A decisão é resultado de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado à época do crime, para apurar a atuação do ex-agente da penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná.
Para o júri, o advogado Samir Mattar Assad acredita na Justiça. “A gente vai mostrar paulatinamente tudo o que tem no processo e tudo o que foi inserido para dar uma conotação diversa da realidade dos fatos. Não existem elementos suficientes para caracterizar a acusação da maneira como ela está posta. A gente acredita fielmente que ele sairá do tribunal do Júri absolvido”, declarou Assad.
Relembre o caso Guaranho
O guarda municipal Marcelo Arruda morreu no dia 9 de julho de 2022, enquanto comemorava o próprio aniversário em um clube da cidade de Foz do Iguaçu.
A festa comemorava os 50 anos de Arruda e tinha como tema o Partido dos Trabalhadores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à época candidato à presidência.
Marcelo, além de trabalhar na segurança pública, era tesoureiro municipal do partido e foi candidato ao cargo de vice-prefeito de Foz do Iguaçu nas eleições de 2020.
Em determinado momento, Jorge Guaranho apareceu na festa e começou a ofender os presentes, causando um princípio de confusão. Em um primeiro momento Guaranho foi embora e retornou ao local da festa e atirou contra Marcelo, que também revidou, mas acabou morrendo.
O início do júri do caso Marcelo Arruda está marcado para quinta-feira (4), às 8h30, na Vara Plenário do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu, no Polo Centro.
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