Caso Muggiati: 11 fatos que antecederam a condenação de Raphael Suss Marques
Na madrugada desta sexta-feira (10) Raphael Suss Marques foi condenado a 32 anos de prisão pelo assassinato da fisiculturista Renata Muggiati, fraude processual e lesão corporal. Segundo a decisão do Tribunal do Júri, Raphael matou a namorada por enforcamento e, na sequência, jogou o corpo do 31º andar. O RIC Mais acompanhou de perto todo o julgamento e elenca abaixo todos os detalhes e a cronologia dos fatos.
1. Júri formado: Os membros do júri foram escolhidos pouco depois das 14h da última quarta-feira (8) e foi composto por cinco mulheres e dois homens.
2. Acusação técnica: As quatro testemunhas de acusação foram as primeiras a serem ouvidas. O perito criminal Jerry Cristian Gandin, o médico legista Wagner, a médica legista Mara Rejane Correa Segalla e o auxiliar de necropsia Obadias de Souza Lima Júnior trabalharam nos atendimentos do caso e foram unânimes em afirmar que a vítima morreu por enforcamento antes de ser arremessada pela janela do apartamento de Raphael.
3. Embasamento de acusação: Segundo os técnicos, dentre os fatores mais relevantes que comprovam a teoria da acusação está o fato de que Renata Muggiati teve uma fratura no osso hioide, que fica na região do pescoço. Esse tipo de fratura só é compatível com asfixia. Renata também sofreu embolia pulmonar, o que só acontece em caso de “agonia”, nas palavras da médica legista Mara Rejane, o que, mais uma vez, é compatível com enforcamento. Hematomas e as características do sangue encontrado no corpo da fisioculturista e no local da queda também reforçaram a tese de que ela foi jogada já sem vida do 31º andar.
Testemunhas de defesa
As primeiras quatro testemunhas de defesa também foram ouvidas ainda na quarta-feira. São eles: O psicólogo Davi Sidnei Lima, que atende Rapahel desde 2014; o delegado Francisco Caricati, diretor do Complexo Médico Penal, onde Raphael está preso desde 2019; Ana Lucia de Siqueira Melo, ex-funcionária da clínica do médico entre 2013 e 2017; e a mãe de Raphael, Silvia Ribas Suss Marques.
4. Psicólogo: O que o psicólogo revelou é que o relacionamento de Raphael e Renata não estava bem. Disse também que Raphael parecia preocupado com a saúde mental da namorada, que estava em depressão.
5. Penitenciária: Já o delegado Francisco Caricati, na época diretor geral do Departamento Penitenciário afirmou que Raphael colaborou com o sistema de saúde penitenciário.
6. Mãe defende filho: A mãe de Rapahel também foi ouvida e contou que o filho tinha ligado pra ela, logo após a morte de Renata, dizendo que ela tinha cometido suicídio. E que dias antes, a pedido do filho, convenceu Renata a ir a um psiquiatra.
7. Colegas: Ana Lucia de Siqueira Melo, ex-funcionária da clínica do médico afirmou que Raphael já queria terminar o relacionamento com Muggiati, que uma semana antes da morte da vítima ele teria saído de casa e estava dormindo em um hotel e no próprio consultório.
Segundo dia de julgamento
Na quinta-feira (9) foram ouvidas as testemunhas de defesa de Raphael. Eles reafirmaram que réu é inocente e que Renata Muggiati sofria de depressão.
8. A vez do pai: A manhã iniciou com a oitiva do pai do réu, Jucenir Ferreira Marques, que soube da depressão de Renata, revelada pelo filho, e orientou Raphael a pedir ajuda de um terapeuta, para terminar o namoro, um dia antes da morte da fisiculturista.
9. Profissional contratado: A segunda pessoa a falar por parte da defesa foi o engenheiro civil Moacyr Aristeu Molinari Neto. Ele fez uma perícia contratada pela família de Raphael e diz que encontrou incoerências no laudo feito pelo perito criminal Jerry.
10. Laudo à distância: Já o médico Luis Carlos Cavalcanti Galvão participou por videochamada. Ele insistiu que não houve asfixia e que Renata morreu na queda do apartamento. E o promotor perguntou se ele periciou, se viu pessoalmente o corpo de Renata, ao que o médico responde que não e que fez a “perícia” através de fotos.
11. A vez do réu: Em seguida, vídeos da simulação da morte de Renata, em que Raphael participou, são mostrados em plenário. Em seguida, o próprio réu passa a ser interrogado e, a todo instante, afirma que não matou Renata e que ela cometeu suicídio.
Fim do julgamento
Durante a noite os advogados de acusação e defesa tiveram 1h30 para fazerem suas exposições finais. A acusação reforçou o pedido de condenação do réu e chegou a simular uma incorporação de Renata Muggiati, onde ela pediria a condenação do seu algoz. A acusação também mostrou um vídeo em que a ex-namorada de Raphael afirma que sofria agressões do réu e que ele havia enforcado ela em mais de uma ocasião, além de receitar remédios para tratar de depressão, método semelhante ao que foi registrado contra Muggiati.
Já a defesa de Raphael Suss Marques insistiu na tese de que o cliente é inocente e culpou políticos, polícia e até imprensa pela situação do réu. A defesa também buscou a todo instante mostrar que vítima seria instável e que não se tratava de uma pessoa infalível.
O resultado final foi a condenação do réu, de mais de 32 anos de prisão em regime fechado.