Caso Tatiane Spitzner: TJ-PR nega pedidos da defesa e mantém condenação de Manvailer

Publicado em 18 fev 2022, às 10h02.

A apelação solicitada pela defesa de Luis Felipe Manvailer, condenado pela morte da advogada Tatiane Spitzner, foi negada pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) nesta quinta-feira (17). Durante sessão realizada na 1ª Câmara Criminal do TJ-PR, os desembargadores se posicionaram a favor de manter a condenação do biólogo.

No pedido, a defesa apontou 23 pontos e alegava irregularidades durante a execução do júri popular, realizado na cidade de Guarapuava, em maio de 2021. Os advogados do biólogo defendem a tese de que Manvailer agrediu Tatiane, porém não foi o responsável pela morte. Para eles, a advogada teria se jogado da sacada.

Nesta quinta-feira, os desembargadores Paulo Edison de Macedo Pacheco, Adalberto Xisto Pereira e Telmo Cherem decidiram pela manutenção da condenação de 31 anos, 9 meses e 18 dias

Para os representantes da família de Tatiane Spitzner, a decisão foi totalmente correta e espera que o resultado traga algum tipo de alento para os amigos e parentes da vítima.

“O julgamento confirma o resultado de uma investigação séria e da atuação firme da acusação: Manvailer assassinou cruelmente sua esposa, praticou feminicídio. E foi condenado pela sociedade e pela Justiça. O Tribunal manteve a condenação. Desde o início do caso manifestamos nossa convicção de que esse seria o desfecho e felizmente esse dia chegou, apesar da insistência da defesa em tentar desviar o foco, adiar e anular o julgamento. Espero que a família tenha algum alento nesse resultado totalmente favorável”,

declarou Gustavo Scandelari.

A equipe do RIC Mais aguarda posicionamento da equipe de defesa de Manveiler.

Relembre o caso

Na noite de 21 de julho de 2018, Tatiane e o marido haviam ido até um bar, no Centro de Guarapuava, para comemorar o aniversário de 32 anos de Manvailer. Na época, a advogada estava com 29 anos. Testemunhas afirmaram que o casal teria discutido ainda no estabelecimento, depois que Tatiane pediu para ver o celular de Luis Felipe.

juri popular manvailer hoje
(FOTO: REPRODUÇÃO/ REDES SOCIAIS)

Mais tarde, já na madrugada de 22 de julho de 2018, câmeras de segurança registraram o casal chegando ao prédio onde morava de carro. Ainda na rua, dentro do veículo, é possível perceber o momento em que Manvailer dá dois tapas no rosto de Tatiane e a empurra.

Já na garagem, as cenas flagradas em vídeo são ainda mais impressionantes e chocaram o país. Manvailer aparece puxando Tatiane de dentro do carro e a prensa contra o veículo. O casal circula pelo estacionamento em um visível clima de tensão, até que as imagens mostram Tatiane entrando correndo no elevador e sendo seguida pelo marido.

No elevador, a advogada é agredida com puxões e derrubada no chão. Ela ainda tenta sair, mas Manvailer a puxa novamente e a arrasta para fora do elevador ao chegar no quarto andar, onde ficava o apartamento do casal. Vizinhos relataram terem ouvido gritos de socorro vindos do apartamento. Câmeras registraram o momento em que Tatiane sofre uma queda da sacada do prédio e seu corpo aparece na calçada.

Na sequência, Manvailer desce até a calçada e encontra um vizinho, que ouviu o barulho da queda e foi até o local. O vizinho afirma que disse para Manvailer não mexer no corpo e decidiu ligar para o Corpo de Bombeiros, para pedir socorro. Luis Felipe teria argumentado que a esposa “já estava morta”. Depois, Manvailer é visto nas imagens arrastando o corpo de Tatiane pelo hall e subindo de elevador. O corpo de Tatiane foi encontrado mais tarde, pela polícia, na porta de entrada da sala.

Manvailer troca de roupa, tenta limpar o sangue da advogada do prédio, pega o carro de Tatiane e foge. O réu foi preso no mesmo dia, em São Miguel do Iguaçu, a cerca de 340 quilômetros de Guarapuava e a menos de 50 quilômetros do Paraguai, após bater o carro. Ele foi detido enquanto caminhava pela rodovia.

Polícia Civil precisou arrombar a porta do apartamento para localizar o corpo de Tatiane.

Em maio de 2021, após sete dias de julgamento, Manveiler foi condenado a 31 anos, 9 meses e 18 dias, em júri popular. A decisão foi deferida pelo juiz Adriano Scussiatto Eyng na noite do dia 10 de maio, no Fórum da Comarca de Guarapuava.