Delegado Erik Busseti é condenado a 38 anos de prisão pela morte de esposa e enteada
Sentença saiu na madrugada desta sexta-feira (5) após quatro dias do julgamento em Curitiba; juíza determinou que condenado seja desligado do cargo de delegado
O delegado Erik Busseti foi condenado a 38 anos e 10 meses de prisão pela morte da esposa Maritza Guimarães de Souza e da enteada Ana Carolina de Souza. O júri popular do réu chegou ao fim na madrugada desta sexta-feira (5), após quatro dias de sessões no Tribunal do Juri, em Curitiba. Por volta da 1h, a juíza Mychelle Pacheco Cintra Standler leu a sentença condenatória e determinou que Erik seja desligado do cargo de delegado da Polícia Civil do Paraná (PCPR).
O resultado do júri popular foi divulgado após quatro dias de sessões, que contaram com depoimentos de 10 testemunhas, interrogatório com o réu e debates entre as equipes de acusação e defesa. Na conclusão da sentença, os jurados reconheceram que houve feminicídio e optaram pela condenação do réu.
A equipe de defesa de Erik Busseti declarou na saída do Tribunal que irá recorrer da decisão.
Primeiros dias de júri do delegado
Os três primeiros dias de julgamento do delegado Erik Busseti foram marcados pelos depoimentos das testemunhas e vários questionamentos por parte das equipes de advogados, tanto de acusação como de defesa.
Na segunda-feira (2), primeiro dia de julgamento, foi realizado o sorteio dos jurados, que definiu cinco homens e duas mulheres. Na sequência, após leitura do caso, foram ouvidas três testemunhas arroladas pela acusação.
A primeira testemunha foi uma escrivã da Polícia Civil, responsável por analisar as imagens das câmeras de segurança da casa e por montar o relatório das apreensões. Esta é a única autoridade policial arrolada no processo. O depoimento começou por volta das 11h50 e só foi finalizado próximo das 18h.
A equipe de defesa do réu realizou diversas perguntas e insistiu em alguns questionamentos. Após a conclusão do depoimento, outras duas testemunhas foram ouvidas – um homem e uma mulher.
As testemunhas eram vizinhas de Erik e Maritza e contaram um pouco sobre a rotina do casal. Nos depoimentos, que foram mais rápidos, as testemunhas relataram que não presenciaram muitas brigas entre o réu e a esposa.
Já na terça-feira (2), segundo dia de júri, foram ouvidas quatro testemunhas arroladas pela equipe de defesa. Familiares de Maritza e Ana Carolina estiveram em frente ao Tribunal do Júri e levaram faixas de protesto. Em uma das faixas, os parentes lembraram que Ana Carolina completaria 21 anos naquele dia.
No terceiro dia de júri, nesta quarta-feira (3), foram ouvidas mais três testemunhas de defesa e uma foi dispensada. Entre as testemunhas estavam o irmão do delegado, Maurício Wermelinger Busetti, o médico psiquiatra Hewdy Lobo e a perita judicial Jussara Joekel. Leocadio Casanova, especialista em inteligência pericial, foi dispensado.
Já nesta quinta-feira (4), o julgamento foi retomado com o interrogatório do réu e na sequência foi realizada a sessão de debates entre a acusação e a defesa. Os trabalho no Tribunal do Júri avançaram durante a noite e somente na madrugada de sexta-feira (5) a juíza Mychelle Pacheco Cintra Standler leu a sentença com a condenação.
Caso Maritza: relembre o crime
O crime aconteceu em 4 de março de 2020. Conforme as investigações, após cerca de dez anos de união, Erik e Maritza estavam em processo de separação, mas o marido não aceitava a situação. O delegado e a policial ainda moravam juntos e, antes do fato, discutiram por pelo menos três horas.
A polícia também verificou que Maritza tentou fazer as malas, indicando que sairia de casa. Após a mulher ir para a saída da residência, Erik bateu na porta do quarto de Ana, e logo após a adolescente abrir é agredida com chutes e tapas. Maritza volta para tentar defender a filha e neste momento as duas são baleadas e caem abraçadas no chão.
A ação aconteceu enquanto a filha do casal, de 9 anos, dormia em outro cômodo. Depois, Busetti deixou a criança com uma vizinha e pediu que a filha ligasse para a Polícia Militar. A equipe do Siate encontrou as vítimas sem vida no local do crime e Erik foi preso em flagrante.
Erik ficou em silêncio no interrogatório, mas, segundo as investigações, confessou o crime em conversas anteriores com policiais militares. Ele foi autuado por duplo feminicídio e levado ao Complexo Médico-Penal (CMP) em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde segue preso até hoje. Dias depois, Erik foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por duplo feminicídio.
Em 23 de março de 2020, a denúncia foi recebida pela Justiça, e ele se tornou réu. Em 8 de outubro, a 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri do Foro Central da Comarca da RMC determinou que Erik fosse levado a júri popular, sem direito a recorrer e aguardar julgamento em liberdade. Erick responde preso desde a data do fato.
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