Em entrevista à Jovem Pan News, vereador defende prefeito de Apucarana: "isso sempre existe"

por Valeska Macedo
com supervisão de Bruna Melo
Publicado em 20 jul 2022, às 10h56.

O vereador da Câmara Municipal de Apucarana, Marcos da Vila Reis (PSD), saiu em defesa do prefeito da cidade, Sebastião Ferreira Martins Junior (PSD), durante a entrevista para a Rádio Jovem Pan News Londrina, nesta terça-feira (19). O prefeito teve um áudio vazado na última semana pedindo para que uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) não seja aberta. O alvo da investigação seria Mauro Bertoli (União Brasil), suspeito de ter materiais relacionados à pedofilia.

Após ter a identidade revelada na gravação, Marcos diz que o diálogo com o prefeito foi algo comum. O vereador alegou, ainda, que não houve interferência nos trabalhos do legislativo e que a procuradoria jurídica recomendou a não abertura da comissão para investigar o suposto caso de pedofilia envolvendo o vice presidente.

“Esse diálogo entre prefeitos, vereadores, presidentes, deputados, governador, isso sempre existe. Somos vereadores, compomos um grupo, e nós fazemos parte do grupo com o prefeito Junior na cidade de Apucarana, então a gente conversa sobre vários assuntos, não tem como. O legislativo não é o puxado do executivo, nem o executivo um puxado do legislativo. São poderes harmônicos, mas independentes. Porém, o deputado precisa do presidente, o vereador vai precisar do prefeito, toda hora a gente tá intervindo no executivo pedindo obra, alguma coisa que precisa de melhorias. Então, essa harmonia precisa existir. Naquele momento o prefeito ligou para mim, mas nada impediu que nós déssemos continuidade ao processo, até que o jurídico devolvesse para a gente essa resposta”,

afirma Marcos.

Ao ser questionado sobre quem teria feito a gravação da conversa com o prefeito, o vereador disse não saber e disse não ser responsável pelo áudio.

“Primeiro que algumas pessoas achavam que eu tinha gravado isso, depois saiu o áudio da minha fala. Como que eu ia gravar? Primeiro que eu não sou deste meio, não tenho habilidade para este tipo de coisa e se tivesse, não faria”,

explica.

O vereador também relatou que apenas seguiu uma recomendação da procuradoria jurídica da câmara e que por isso, a investigação no legislativo não foi aberta.

O procurador geral da Câmara Municipal de Apucarana, Dr. Danylo Acioli, afirmou que essa recomendação foi dada ao vereador. Na avaliação do advogado, a câmara deve aguardar a investigação feita pela justiça por não ter condições de investigar o caso.

“Para que nós possamos analisar a eventual prática de algum tipo de infração político administrativo em decorrência de um suposto crime, é necessário que haja uma condenação criminal”,

diz.

Investigação

O pedido para criar a CEI contra Mauro Bertoli (União Brasil) foi feito por Renata Borges, ativista e defensora dos direitos humanos. Durante apurações de denúncias de crime eleitoral nas eleições municipais, materiais impróprios teriam sido encontrados no celular do vereador. O material exibia crianças e adolescentes.

O Ministério Público do Paraná (MPPR), pela Promotoria de Apucarana, e a Câmara de Vereadores investigam o caso há um ano. Este foi um dos argumentos apresentados por Júnior da Femac no áudio, que foi publicado pelo Canal 38. O investigado é apoiador do prefeito.

“Se alguém perguntar, fala que a Câmara está acompanhando a investigação, que está sendo feita pelo Ministério Público. Daqui a pouco esses caras se voltam, por exemplo, contra você. Não precisamos disso. Você é um cara que nós apostamos muito para frente. Então, assim, quando você puder, chama o Mauro, fala ‘Mauro, fique tranquilo’. Por favor, não crie comissão. Eu queria te passar esse contorno político”,

diz Júnior da Femac no áudio.

Em nota, o prefeito de Apucarana disse que “como pai de duas meninas” repudia “com veemência fatos desta natureza”. A reportagem tentou contato com Mauro Bertoli, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. O mandato foi cassado em primeira instância pela Justiça Eleitoral e foi apresentado recurso. O julgamento foi adiado para o dia 25 de julho.

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