Entidades repudiam censura contra RICtv em série que aponta suposta corrupção em Casa de Custódia
Último episódio da série “Guerra de Facções” está sob censura; investigação aponta suposta corrupção envolvendo agentes públicos e presidiários na Casa de Custódia de São José dos Pinhais
O último episódio da série ‘Guerra de Facções’, produzido pela RICtv, está há 11 dias sob censura após uma determinação da Justiça. A produção, que aborda um suposto esquema de corrupção envolvendo agentes públicos na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, ainda não pode ser disponibilizada integralmente para o público.
No último episódio da série, a produção da RICtv apresenta o nome de dois funcionários do Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Depen) que teriam sido corrompidos por um dos líderes de facção custodiados. O preso, identificado na investigação como Marcos Silas, teria privilégios dentro do sistema prisional, conforme relatório interno de inteligência do Depen ao qual a RICtv teve acesso.
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Apesar da RICtv buscar os funcionários do Depen mencionados na produção para dar o direito de resposta sobre as acusações em entrevistas, os envolvidos recorreram judicialmente para que o episódio não fosse exibido.
A censura imposta contra a RICtv repercutiu entre as principais entidades relacionadas ao jornalismo. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudiaram a medida estabelecida contra a emissora paranaense e emitiram notas.
Confira as notas das entidades na íntegra
Nota do Sindijor
“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) lamentam e repudiam veementemente a censura imposta à RIC TV, que teve seu programa “Balanço Geral” impedido judicialmente de levar ao ar uma reportagem de interesse público. A série “Guerra de Facções”, produzida com rigor jornalístico, expõe as complexidades do tráfico internacional de drogas, envolvendo investigações sérias sobre possíveis casos de corrupção.
É inadmissível que o exercício legítimo do jornalismo seja cerceado, especialmente quando se trata de informar a população sobre questões tão relevantes para a sociedade paranaense. A decisão judicial, sob a alegação de proteção à honra e imagem, ignora o princípio fundamental da liberdade de imprensa e o direito do público à informação. Manifestamos nosso apoio irrestrito à RIC TV e sua busca pela verdade, reiterando a importância da liberdade de expressão e do jornalismo responsável em nossa democracia”.
Nota da FENAJ
“A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) considera que qualquer tentativa para impedir ou o impedimento do trabalho jornalístico prejudica o acesso da população a informações de interesse público e fere a democracia”.
Nota da Abraji
“Não existe censura prévia no Brasil, a constituição é muito clara sobre isso. Portanto, a Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, vê com muita preocupação essa decisão judicial que impede a RIC de publicar um conteúdo de interesse público, disse a presidente da Abraji, Katia Brembatti.
Nota da Aerp
“Entendemos que a decisão judicial que proíbe a exibição de material atenta contra o direito constitucional de direito e livre exercício do trabalho jornalístico, e consequentemente contra o direito de informação da população”.
Sesp abre sindicância após série da RICtv
Mesmo com a série não sendo exibida integralmente na RICtv, a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP/PR) determinou a abertura de um processo de investigação interna para apurar denúncias contra agentes do Depen, conforme consta em Diário Oficial. Esta apuração será conduzida pela Divisão de Inteligência do Estado.
A sindicância tem previsão de encerramento na última semana de maio e deve apurar dúvidas apresentadas durante a série da RICtv. Entre os questionamentos que podem ser esclarecidos com o processo investigativo estão, por que o relatório de inteligência do Depen, que a RICtv teve acesso, não foi encaminhado para a Sesp e para o Ministério Público. E também, qual procedimento foi adotado após a denúncia contra os dois funcionários do Depen que, supostamente, estariam envolvidos em corrupção.
As respostas poderiam ser esclarecidas no último episódio da série ‘Guerra de Facções’, que segue sob júdice.
Assista aqui a série ‘Guerra de Facções’
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