"Se a delação do Youssef cair, caem todas as demais", diz autoridade da Lava Jato

Suposto grampo em cela de Alberto Youssef, em 2014, pode ser determinante para enterrar de vez a Lava Jato

Publicado em 2 jul 2024, às 15h01. Atualizado em: 2 ago 2024 às 13h48.

O corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luis Felipe Salomão, determinou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, a responsável pelos processos da Lava Jato, deve explicar porque havia um grampo na cela do doleiro Alberto Youssef, em 2014. A reportagem teve acesso à íntegra da decisão.

Doleiro Alberto Youssef foi o primeiro grande delator Lava Jato (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Agora, a vara curitibana tem 15 dias para justificar como o grampo foi colocado e porque estava ativo.

A investigação é coordenada pela Polícia Federal (PF) a mando do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No despacho do corregedor do CNJ, fica definido ainda que, se os fatos se confirmarem, as condutas dos responsáveis pelo grampo foram irregulares e devem ser punidas.

Salomão também detalha que a investigação do suposto grampo não está relacionado ao juiz Eduardo Appio, mas sim a outros magistrados que atuaram na 13ª Vara Federal de Curitiba e, por isso, determina que o juízo da capital paranaense seja incluído no polo passivo ao invés de Appio.

O corregedor reforça ainda que foi Appio quem desarquivou os autos para retomar a apuração de eventuais crimes cometidos e diz que o magistrado agiu porque havia “notícias de supostas fraudes anteriormente cometidas na sindicância realizada pela Polícia Federal e na condução do processo pelo juízo da 13ª Vara Federal”.

Agora, a 13ª Vara Federal de Curitiba tem até o dia 15 de julho para se manifestar neste processo.

Ex-integrantes da Lava Jato decepcionados

Uma das maiores autoridades da Lava Jato ao longo dos últimos dez anos relata, sob reservas, que tem informações de que o inquerito policial aberto para apurar as acusações da defesa de Youssef está avançado e que os próprios integrantes da operação consideram que o problema foi que a investigação das denúncias de grampo ilegal havia sido arquivada “na marra”.

A fonte diz ainda que há um medo coletivo de que essa investigação prospere porque “se está delação cair, caem todas as demais”, isso porque o doleiro foi o primeiro grande nome a delatar na operação Lava Jato e puxou uma série de novas investigações e denúncias.

Ao todo, a Lava Jato teve 79 fases e resultou em mudanças estruturantes na política brasileira, com a condenação de grandes nomes do cenário nacional, como o atual presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (MDB). Além da devolução de dinheiro por parte de empreiteiras e gestores de empresas públicas, notadamente com a Petrobras em destaque.

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