Homem que matou mulher indígena é condenado a 19 anos de prisão

por Isadora Deip
com informações do Observatório de Feminicídios de Londrina e supervisão de Giselle Ulbrich
Publicado em 20 abr 2022, às 21h25.

Ailton Jacinto Camargo foi condenado em júri popular, na tarde desta quarta-feira (20), a 19 anos e 3 meses de prisão pela morte de sua companheira Marli Piraí, mulher indígena que tinha 21 anos à época do crime. O réu havia sido acusado pelo crime de feminicídio por motivo torpe e meio cruel. Ele deverá responder pelo crime em regime fechado.

Marli, da etnia Kaingang, foi atacada por Ailton, indígena da etnia Guarani, na madrugada de 20 de abril de 2019. O crime aconteceu na Reserva Indígena Apucaraninha, em Tamarana, na Região Metropolitana de Londrina, no Norte do Paraná.

A denúncia do Ministério Público (MP) indica que Ailton aplicou diversos golpes à cabeça de Marli, que atingiram a massa encefálica e deixaram a mulher em coma. Ela morreu no dia 5 de maio de 2019.

Conforme o Observatório de Feminicídios de Londrina (Néias), a relação de Marli e Ailton era marcada por idas e vindas e um ciúmes intenso por parte do acusado. A cunhada, a irmã e a mãe da vítima afirmaram, durante a instrução do processo, que Marli já havia tentando terminar o relacionamento algumas vezes, mas o acusado não aceitava a separação.

Defesa alega sanções da aldeia

A defesa alegou que, pelo caso envolver povos indígenas, um laudo antropológico do caso deveria ter sido feito, para comprovar as sanções já aplicadas pela aldeia indígena à qual Ailton fazia parte e, consequentemente, a não condenação do acusado pelos crimes do Código Penal nacional. Entre as sanções alegadas, estão a expulsão definitiva das comunidades em que o acusado residia e proibição de realização de comércio e participação de atos culturais, eventos e reuniões fora da aldeia.

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