MP pede sigilo em inquérito que investiga morte de guarda municipal de Foz do Iguaçu
O Ministério Público do Paraná, por meio do núcleo do Gaeco de Foz do Iguaçu (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Oeste do Estado, requereu à Justiça a decretação de sigilo no inquérito policial que apura o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda. O objetivo é evitar interferências externas que possam influenciar nas investigações.
No pedido o Gaeco alega que “o acesso indiscriminado aos autos de terceiros, estranhos ao fato, poderá tumultuar e interferir negativamente nas investigações, sobretudo em razão da existência de diversas diligências investigatórias ainda em curso, além de outras pendentes”. O pedido ainda está sendo analisado pelo judiciário.
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Além disso, o Gaeco, que acompanha as investigações por designação do procurador-geral de Justiça, requereu, entre outros itens, que o telefone celular do investigado seja encaminhado ao Instituto de Criminalística para perícia, assim como o aparelho que gravou as imagens das câmeras de segurança no local do crime.
Investigação
Até a manhã desta quinta-feira (14) foram ouvidas 18 pessoas, sobre o inquérito que investiga a morto do guarda municipal Marcelo Arruda, em sua festa de aniversário de 50 anos, na cidade de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, no último sábado (9). Dentre testemunhas estão pessoas que participavam da festa, familiares do guarda municipal e do agente penal federal, Jorge José da Rocha Guaranho. Segundo as assessorias da Polícia Civil e SESP, não há oitivas agendadas para hoje.
A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) informou nesta semana, que o inquérito tem previsão de ser concluído na próxima terça-feira (19), mas o prazo pode ser adiantado ou atrasado, isso vai depender do andamento das apurações policiais.
Ainda segundo as assessorias, a análise das imagens foi concluída e a equipe de investigação se concentra em diligências complementares. Quem está à frente das investigações é a delegada Camila Cecconello, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, de Curitiba. A delegada Iane Cardoso, de Foz do Iguaçu, que era responsável pelas investigações, agora faz parte da força-tarefa que foi montada.
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O que dizem as testemunhas
A Polícia investiga se o crime foi cometido por intolerância política, isso porque Marcelo comemora o aniversário de 50 anos em uma associação com a temática PT (Partido dos Trabalhadores).
Segundo testemunhas, que estavam no aniversário, Guaranho chegou no local gritando o nome do atual Presidente Bolsonaro, e na sequência houve a troca de tiros. Imagens do circuito de segurança do local registraram toda a confusão que terminou com o guarda morto e o agente baleado.
Inicialmente, a Polícia Civil informou que o agente também havia morrido, mas depois corrigiu a informação e declarou que ele está internado em estado grave.
O que diz a defesa
Para os advogados de Jorge José da Rocha Guaranho, o confronto armado, entre o policial penal e Marcelo Arruda, não foi motivado por política.
“ Nós temos certeza que não existe uma intolerância política. Apesar do Seo Guaranho ter um posicionamento de direita, ele não era uma pessoa extremamente voltada a política. Por isso a motivação política é totalmente descartada. Ele foi lá para fazer a ronda de rotina que era uma coisa habitual dos sócios e diretores, que é um local que acontecem furtos. Ele foi passar lá para fazer uma ronda e aconteceu essa fatalidade.”
Poliana Cardoso – advogada
Segundo os advogados, o guarda municipal, teria se irritado com a presença de Jorge, que não era convidado e teria ido lá apenas para fazer uma ronda. E que o confronto só aconteceu porque Marcelo jogou pedregulhos em Jorge.
O que diz associação
Segundo o presidente da associação, Antônio Marcos Borges de Souza, Guaranho, não faz parte da diretoria da Aresf (Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física), onde estava acontecendo a comemoração dos 50 anos do guarda. Ele pediu exoneração do cargo de secretário da diretoria, e saiu de sua função em dezembro de 2021.
A diretoria não sabe como ele teria ficado sabendo da comemoração do aniversário da vítima, fato que deve ser esclarecido na investigação policial.
“Ele era associado apenas. A princípio não tinha acesso às imagens, se tivesse, seria apenas pelo seu celular. A polícia está periciando o aparelho para ter as respostas.”
Antônio Marcos Borges de Souza – presidente associação
Saúde de Guaranho
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil do Paraná, Jorge Guaranho continua internado e respira com ventilação mecânica. Seu estado de saúde é estável e não há previsão de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O agente penitenciário foi transferido de hospital na noite de segunda-feira (11). Ele estava no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu e foi levado para o Hospital Ministro Costa Cavalcanti, onde permanece internado. A divulgação do estado de saúde do agente, para imprensa, foi bloqueada por familiares e apenas a SESP está sendo porta-voz. Não há informação sobre o motivo da transferência.