Reintegração de posse retira oito famílias de antiga ocupação no Novo Mundo
Moradores que foram despejados não conseguiram renegociar as dívidas com a associação
Uma grande operação policial de reintegração de posse no bairro Novo Mundo, desocupou oito residências na manhã desta terça-feira (21). A desocupação foi em uma antiga ocupação nas proximidades da Rua Pedro Gusso, uma das mais movimentadas do bairro.
Quem passava pelo local via o grande aparato policial deslocado para a operação. Cerca de dez viaturas da PM e duas do Corpo de Bombeiros, dezenas de policiais e até mesmo a cavalaria estiveram no local para cumprir a ordem legal.
De acordo com a decisão judicial de reintegração de posse, as famílias que residiam nos oito imóveis estavam em situação irregular. Isto porque não teriam pago os valores referentes à compra das casa à associação dos moradores que tem a posse do terreno e das moradias.
A disputa judicial pela posse dos imóveis já é antiga, e teve início quando as moradias começaram a ser construídas no local, que era uma ocupação irregular. Após uma longa negociação, os moradores conseguiram comprar o terreno do antigo proprietário e regularizar o assentamento, que fica na rua Olga de Araújo Espíndola, que tem seu único acesso pela Pedro Gusso.
A partir dessa negociação, foi criada uma associação de moradores para administrar o local. E foi essa associação que conseguiu na Justiça a reintegração de posse dessas oito casas.
“Trata-se de uma reintegração de posse em que oito residências precisam ser reintegradas porque os moradores estavam irregularmente no local. Foi dado cumprimento à ordem judicial de retirada dessas pessoas e as famílias saíram do local sem a necessidade de operação policial”, explica o capitão Edvagner, que comandou a ação da PM.
Casas desocupadas já têm novos moradores
Segundo a apuração da equipe da RICtv, as casas desocupadas na manhã desta terça já têm novos donos, sendo que alguns deles inclusive já tomaram posse dos imóveis logo após a saída dos antigos moradores. A reportagem tentou confirmar essa informação com a presidente da associação, mas ela não quis dar entrevista.
Uma das moradoras que foi despejada de sua casa, em que residia há oito anos, reclama da falta de diálogo com os responsáveis pela associação. “A gente tentou negociar para pagar o que a gente podia e eles não quiseram entrar em negociação nenhuma. A gente com criança pequena, idoso, ontem à tarde a polícia veio aqui, tirou um monte de foto, e hoje de manhã nós acordamos com o barulho do drone e já tivemos que sair de casa. Chega a dar nojo do que eles estão fazendo com a gente, é uma tremenda de uma covardia. A gente achou que a associação ia ajudar e eles só prejudicaram a gente”, conta Janaína Oberst, que teve que levar todos os móveis e pertences para a casa de um sobrinho.
Advogada contesta ação da associação dos moradores
A advogada Barbara Gorski Esteche, que representa as famílias despejadas, também contesta a ação da associação, que não aceitou renegociar as dívidas e inclusive já teria vendido as moradias.
“Hoje é a associação de moradores que pleiteou essa reintegração de posse em face dessas oito famílias. Tem pessoas que estão aqui há praticamente 20 anos e agora são retiradas a pedido da associação. O que aconteceu lá atrás é que 10 famílias, sendo que duas já saíram daqui, não conseguiram pagar aqueles valores que foram pactuados naquela negociação, que foi parcelada entre os moradores. Agora por último eles tentaram negociar e não conseguiram”, explica.
A advogada também diz estranhar a chegada dos supostos novos moradores. “Uma coisa que estamos vendo aqui é que em algumas casas já estão entrando outras pessoas. Só que a posse, em tese, seria para a associação. Mas agora tiram essas pessoas e já estão colocando outras. Uma dessas pessoas disse que comprou a casa, mas não sabemos se ela comprou o lote ou a casa. Lembrando que as casas foram construídas pelos moradores”, complementa.
Ela também considera um exagero o tamanho da operação policial para a reintegração de posse de apenas oito moradias. “É desnecessário todo esse aparato porque são só oito famílias e elas foram extremamente pacíficas e tiraram suas coisas. Tanto é que, em apenas duas horas essas famílias já saíram e já tem até outras pessoas entrando nos imóveis”.
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