STJ decide que Dallagnol terá de indenizar Lula por danos morais no caso do Power Point

Publicado em 22 mar 2022, às 20h08. Atualizado às 21h01.

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou nesta terça-feira (22) o ex-procurador Deltan Dallagnol a indenizar, por danos morais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no chamado caso em que o então procurador usou uma apresentação de Power Point em coletiva de imprensa.

Para maioria da 4.ª Turma do STJ, o então procurador extrapolou suas funções e incorreu em abuso do direito, além de ter se utilizado de instrumento que carecia da tecnicidade exigida do cargo. Por isso, concluiu que houve dano moral a Lula, e o valor da indenização ficou definido em 75 mil reais.

O ex-procurador, que pretende se candidatar a deputado federal pelo Podemos, partido pelo qual o ex-juiz Sergio Moro pretende concorrer à Presidência da República, comentou sua condenação em seu perfil no Twitter, considerando-a uma “reação do sistema, nua e crua”.

“Quem ainda neste país terá coragem de fazer seu trabalho de investigar e punir criminosos poderosos e informar à sociedade, depois dessa decisão do STJ de me condenar por ter apresentado o conteúdo da acusação à sociedade? Quem vai querer sofrer esse tipo de represália?“, questionou, na rede social.

Em nota, a defesa de Lula comemorou a decisão como “uma vitória do Estado de Direito e um incentivo para que todo e qualquer cidadão combata o abuso de poder e o uso indevido das leis para atingir fins ilegítimos (lawfare)”.

Os advogados de Lula –que lidera as pesquisas eleitorais para a Presidência da República– apontam que na coletiva em questão, Dallagnol se utilizou de afirmações “ofensivas” e “incompatíveis” e deu ao ex-presidente o tratamento de culpado quando o processo do caso triplex do Guarujá ainda nem havia sido formalmente aberto, já que a coletiva era para apresentar a denúncia oferecida pelo então procurador.