'Última vez que corri foi para tentar me salvar da morte', diz vítima da Boate Kiss
Kelen Giovana Leite Ferreira, de 28 anos, é uma das sobreviventes do trágico incêndio da Boate Kiss, ocorrido em 2013. A jovem que, além de ter perdido um pé, também teve 18% do corpo queimado, depôs no Fórum de Porto Alegre, onde o caso tem sido julgamento desde quarta-feira (1).
“Correr eu não consigo mais, a última vez que corri foi para fugir da morte”,
comentou a jovem.
Durante o depoimento, Kelen foi questionada sobre as marcas deixadas pelo incêndio. A sobrevivente chegou a tirar a prótese para dizer que o uso dela é justamente “em decorrência do que aconteceu”. Kelen contou sobre o que se lembra do fatídico dia. Segundo a jovem, ela frequentava a boate por ser um local universitário e naquela noite, tinha ido acompanhada de duas amigas e cinco amigos. Dos sete, três faleceram no incêndio.
“Eu não vi a confusão, ninguém avisou nada. Eu não ouvi a música parar. Só uma multidão na minha frente que veio da pista de baixo e [comecei] a correr porque achei que fosse briga”.
Durante o incêndio, Kelen lembra-se de ter tentado voltar para buscar as amigas que tinham ido ao banheiro, mas não conseguiu, pois segundo ela “um homem todo de branco, acho que foi Deus na hora ou meu anjo da guarda, parou do meu lado direito e disse: ‘Tu não vai’. E me puxou em direção a porta”.
Sobre a amputação do pé a sobrevivente falou sobre o peso de viver em uma “sociedade que exige o corpo perfeito”:
“Eu comecei o processo de aceitação do ano passado para cá”.
Para esconder as marcas, a jovem contou que, até 2020, só usava calça jeans.