Mulheres já são maioria nas provas de corrida

por Angelo Binder
conteúdo Comando News
Publicado em 7 mar 2020, às 00h00. Atualizado em: 14 jul 2023 às 12h48.

Correr é um dos esportes mais abertos às mulheres. Prova disso é que, pela primeira vez na história, há mais mulheres do que homens correndo pelas ruas do mundo todo. Segundo dados do primeiro mapa global da corrida recreativa, o State of Running 2019, 50,24% dos corredores são mulheres. No total, a participação feminina aumentou de menos de 20% em 1986 para pouco mais de 50% em 2018. Esse estudo analisou 107,9 milhões de resultados de 70 mil provas de corrida, em 193 países, entre 1986 e 2018. 

São incontáveis os motivos que levam as mulheres a correr. Se essa pergunta fosse feita às mulheres que correm, provavelmente, haveria uma resposta diferente para cada uma delas. Mas, de uma maneira geral, os motivos que as levam à corrida são satisfação pessoal, a conquista de saúde física e mental e sociabilização, aponta o estudo.  

Há quatro anos, Derli Oliveira, hoje com 46 anos, se viu viúva com um filho pequeno para criar. Seu marido teve um tipo muito agressivo de melanoma e faleceu repentinamente. “Nos primeiros dias após a morte do meu marido eu levava meu filho ao colégio e ficava perambulando pela rua até a hora de buscá-lo, pois não tinha coragem de voltar e encontrar a casa vazia. Um dia, em uma dessas caminhadas pesarosas, uma moça que estava correndo me abordou porque eu chorava muito e, quando contei a minha história, ela me convidou para treinar com a equipe dela”, relembra Derli. Mesmo achando que a corrida não era para ela, aceitou o convite e começou a correr com a equipe Ale Souza que  apoia a atleta até hoje. 

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foto arquivo pessoal

“A médica que cuidava de mim nessa época me deu duas alternativas para me ajudar a superar o luto: tomar remédios antidepressivos ou praticar um esporte. Felizmente, optei pela segunda opção e essa foi à minha melhor decisão”, diz a atleta. De 2016 até hoje, Derli já perdeu 15Kg, se redescobriu como mulher, conquistou muitos pódios na categoria cross country (realizada em montanhas e outros terrenos acidentados) e recuperou a autoconfiança para enfrentar seu novo estado civil e sustentar seu filho sozinha. “A corrida foi o meu renascimento como mulher e mãe. Por meio dela que recupero meu ânimo para cuidar de mim, do meu filho, da casa e do trabalho. Com toda a certeza, a corrida me proporciona equilíbrio e foi fundamental para me livrar da depressão” finaliza Derli. 

A  dentista, ortodontista e ortopedista funcional dos maxilares Stella Faria Dumke também buscou na corrida o alívio para as crises de pânico. “Eu sempre fui uma pessoa muito ativa. Quando criança fiz natação, ginástica olímpica, balé e volêi. Esse último esporte me acompanhou até a idade adulta, porém depois de duas lesões graves, no joelho e no tornozelo, tive que me afastar definitivamente do vôlei. Em 2014, devido ao estresse do trabalho, cursos, marido e filho pequeno, entrei em colapso. Foi nesse momento difícil que a corrida entrou na minha vida”, revela Stella que treina com um grupo exclusivamente feminino chamado Saia para Correr

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foto arquivo pessoal

Assim como a dentista, muitas mulheres se perdem de si mesmas em meio a tantos papéis que precisam desempenhar diariamente. “A corrida ajuda a me reconectar com minha essência, por isso, faço questão de reservar um tempo diário para me cuidar, me exercitar, cuidar da minha saúde física, mental e espiritual. Aos poucos, a corrida foi me trazendo de volta ao eixo e me proporcionando o equilíbrio que eu havia perdido por causa do estresse e da síndrome do pânico”, conta Stella.  

corrida-da-mulher-renault

foto divulgaçãoPelo 19° ano consecutivo Curitiba recebe uma corrida exclusiva para as mulheres. Organizada pela Global Vita Sports, a Corrida da Mulher Renault 2020, acontece domingo (8) e vai reunir duas mil mulheres que buscam “serem o que quiserem” nas ruas da capital paranaense. “Para marcar essa edição da mais longeva corrida exclusivamente feminina no Brasil buscamos a referência na norte americana Kathrine Switzer (a primeira mulher a correr uma maratona) que, em 1967, foi literalmente agarrada pelo fiscal de prova da Maratona de Boston. Na ocasião, as provas de longa duração eram exclusivamente masculinas”, conta Arthur Trauczynski, diretor de negócios da Global Vita Sports

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