Violência contra a mulher é tema do Movimento UMA

Publicado em 2 out 2020, às 16h34. Atualizado em: 3 out 2020 às 21h41.

A violência contra a mulher, acentuada durante o confinamento, é uma das pautas do Movimento UMA. Em abril, quando o isolamento social imposto pela pandemia completava mais de um mês, a quantidade de denúncias de violência contra a mulher recebidas no canal 180 cresceu quase 40% em relação ao mesmo período de 2019. As informações são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). 

A ex-modelo e empresária Luiza Brunet sentiu na pele as feridas da violência, que a acompanham desde pequena, e é uma das presenças confirmadas no Movimento UMA. Ela foi testemunha de violência doméstica na infância, vítima de abuso sexual aos 12 e agredida pelo ex-companheiro aos 54 anos. Faz pouco tempo que resolveu denunciar os episódios. Na visão dela, a violência contra mulheres é fundamentalmente por gênero. “É por isso que precisamos lutar. Denunciando, essa questão se manterá viva. Precisamos fortalecer as mulheres a tomarem coragem e denunciar sempre. Acho fundamental que movimentos como o UMA falem abertamente disso, que é um problema de grande magnitude no nosso País”, afirma.

A promotora Gabriela Manssur, idealizadora do Projeto Justiceiras, que atua no combate de violência doméstica, também participa do evento e destaca que a violência contra a mulher perpassa uma questão de machismo estruturante. “Os réus que cometem esse tipo de delito repetem um comportamento que aprenderam por gerações e gerações, de que a mulher é seu objeto e sua propriedade. Além da violência em si, a violência de gênero vem ‘justificada’ por anos e anos de reconhecimento do próprio Direito, de que a mulher não era um sujeito a ser protegido e sequer tinha autonomia de vontade”, ressalta.

Na opinião da líder no Paraná do Projeto Justiceiras, Mariana Bazzo, as melhores estatísticas de prevenção desse tipo de violência se referem à mudança de cultura da sociedade, ou seja, envolvem políticas públicas que ultrapassem o mero punitivismo. “Há uma lacuna também no atendimento especializado às mulheres e às famílias por meio do sistema único de assistência social e de saúde, que deveriam receber maior importância, inclusive, no orçamento específico”.

Claudia Montanha, Tesoureira da Caixa de Assistência dos Advogados do Paraná, explica ainda que uma das medidas que pode ser aplicada pelo juiz em caso de violência doméstica é o comparecimento do agressor a programas de recuperação e de reeducação, além do acompanhamento psicossocial  “Esse  atendimento pode ser individual ou por meio de grupos de apoio, como prevê a legislação Maria da Penha. Ou seja, há uma busca pela recuperação do agressor. Esses programas são formados por operadores do direito, psicólogos e profissionais de assistência social”, conta.

A especialista reforça que no Paraná já existem iniciativas que buscam reabilitar esse agressores, numa ação conjunta do Judiciário com o Ministério Público. “Em Cianorte, num universo de 600 homens que participaram de programas de recuperação, apenas quatro reincidiram no cometimento de atos de violência familiar. Temos cidades onde a reicindência foi zero. Acredito muito nesses tipo de programa de reabilitação, principalmente porque a participação dos agressores é obrigatória. Além do resgate do aggressor, é necessário também investir em ações de prevenção e conscientização contra a violência doméstica, com adoção de políticas públicas relacionadas com essa temática”, complementa Claudia.

Movimento UMA começa nesta terça

Na próxima terça, dia 6 de outubro, inicia a programação do Movimento UMA – Movimento Integrado para o Empoderamento das Mulheres. A ação, que está sendo cocriada com várias líderes de grupos das mulheres e comandada pelo MEX Brasil – Espaço Mulheres Executivas – e Grupo Mulheres do Brasil, é ousada: o objetivo é impactar pelo menos 1 milhão de pessoas, ao longo do mês de outubro de 2020. Todos os eventos serão on-line para respeitar a medida de isolamento social, em virtude da pandemia da Covid-19. A programação completa está disponível no hotsite: www.movimentouma.com.br.

O Movimento UMA conta com a participação ativa de grupos, entidades, organizações e empresas que desejam atuar no empoderamento feminino e trazer o tema para a agenda da sociedade e, sobretudo, estimular o desenvolvimento de soluções para os problemas que permeiam o cotidiano das mulheres. “A união é uma forma de aproximar as mulheres para participarem, de mãos dadas, nas diversas reflexões dos dilemas diários enfrentadas pelo público feminino. Os homens, a sociedade, as empresas também estão sendo convidados a refletirem sobre as diversas causas e propostas concretas para a resolução das dores que permeiam a vida delas”, diz Regina Arns, Presidente do MEX Brasil, Diretora da Lapidus Network e também líder do Núcleo Curitiba do Grupo Mulheres do Brasil, que é idealizadora do Programa.

Personalidades reconhecidas no mundo dos negócios e das empresas, no meio artístico e no cenário político estarão juntos para discutir diversas questões. Já estão confirmados nomes como Miguel Krigsner (Fundador do Boticário), Janete Vaz (Cofundadora do Grupo Sabin), Rachel Maia (CEO RM Consulting Consumer Goods), Sandra Pires (jogadora de voleibol e Medalhista Olímpica), Preta Gil (empresária, cantora e apresentadora) e Ana Fontes (Fundadora da Rede Mulher Empreendedora).

Programação de 06 a 08 de outubro

6/10 – 19 horas (Facebook: https://www.facebook.com/movimentoumabr).

O Movimento UMA começa com uma live que vai reunir Janete Vaz (Cofundadora do Grupo Sabin), Ricardo Gondo (CEO Renault), Miguel Krigsner (Fundador Grupo Boticário) e Rachel Maia (uma das CEOs mais influentes dos Brasil e criadora da Capacita-me, que prepara mulheres para o mercado de trabalho). O tema da live será “A força das conexões como alavanca da transformação”. A mediação será feita Regina Arns, idealizadora do Movimento UMA e Presidente do MEX Brasil e Diretora da Lapidus Network; Silvana Pampu, Gerente de Recursos Humanos na Renault do Brasil e membro do Comitê Executivo do Movimento UMA; e Ana Mora Rojas, executiva da Volvo do Brasil.

7/10 – 19 horas

Solange Sobral (EVP CI&T) e Ju Ferraz (Diretora Executiva da Holding Clube) comandam a live “Empoderamento feminino 360 graus”. A mediação será feita por Lênia Luz, fundadora do Empreendedorismo Rosa e líder do Comitê de Empreendedorismo do Grupo Mulheres do Brasil, núcleo Curitiba; além da líder dessa entidade, Margaret Groff.

8/10 – 19 horas

Ana Fontes e Luiza Brunet refletem sobra “A importância do empreendedorismo no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a Mulher”. Luciana Burko, presidente da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios de Curitiba (CMEG); e Silmara Montes, Líder do Projeto Justiceiras em Curitiba e Líder do Comitê de Combate à Violência contra a Mulher do Grupo Mulheres do Brasil, fazem a mediação.

Sobre o Movimento UMA

O Movimento UMA é colaborativo e voluntário. Trata-se de uma iniciativa inédita no Brasil, fruto da parceria entre o setor público e privado, ativistas e grupos genuinamente engajados nas causas das mulheres. Surgiu na esteira do Outubro Rosa e o seu objetivo é aproveitar os holofotes desse movimento global para refletir sobre outras questões que também são urgentes para o bem-estar do público feminino, que vão além da saúde física. O nome do movimento traduz literalmente seu propósito: a união do público feminino para lutar por diversas causas inerentes à mulher, a soma de todos os clamores em UMA única voz.