Iron Maiden lota Pedreira e anima fãs em Curitiba
“Olê, olê olê olêêê, Maideeen, Maideeen”. Este foi o coro que se repetiu na ansiedade pelo início do show e entre algumas músicas da apresentação do Iron Maiden, em Curitiba, na noite deste sábado (27). A Pedreira Paulo Leminski estava lotada, e além das 25 mil pessoas que estavam lá dentro, outras dezenas ficaram do lado de fora, nas proximidades, apenas para ouvir os tradicionais acordes da banda e a voz da multidão.
Os portões abriram quando ainda tinha sol e a fila já estava formada. Pessoas de outros estados chegaram cedo para garantir um bom lugar perto da grade. A música começou às 19h40 com a apresentação da banda sueca Avatar. Os garotos surpreenderam o público com um metal melódico pesado e de qualidade. Animado, o vocalista interagiu com o público, e o baixista e seus dois guitarristas curtiram cada música com muitos giros de cabelo. Parecia uma coreografia.
A Pedreira já parecia estar cheia do lado de dentro, mas lá fora a fila para entrar ainda tinha uma espera de aproximadamente meia hora. Muita gente ficou com medo de perder a apresentação. Avatar deixou o palco às 20h30, e a pontualidade inglesa, como sempre, abriu caminhos para o Iron Maiden, às 21h. Doctor Doctor, da banda UFO, tocou mais alto, e os fãs já sabiam que a banda estava pronta para começar.
O palco foi montado com uma temática samurai, tema do álbum Senjutsu que foi lançado em 2021 e vendeu mais de 64 milhões de cópias no mundo todo em apenas uma semana. Bruce Dickinson surgiu com um coque e durante a apresentação da música tema do álbum, a primeira do show, o grande boneco Eddie, mascote da banda, já interagiu com os integrantes.
Stratego e Writing on The Wall foram as músicas seguintes, ambas do Senjutsu. O cenário mudou para uma igreja e a banda trouxe a belíssima Revelations. Ao fim da música, Bruce agradeceu o público curitibano, soltou um fofíssimo “bom dia” em português e disse que a banda e o público são “irmãos de sangue”. Era a deixa para a música Blood Brothers.
Deve ser difícil colocar mais de 45 anos de história em apenas duas horas de show. A escolha do set list levou em conta clássicos de vários álbuns, mas na plateia muita gente gritava pedindo músicas que não estavam planejadas. A banda costuma seguir a mesma ordem durante todos os shows de cada turnê.
Sign of The Cross foi a música seguinte, com fumaça no palco, luzes vermelhas e Bruce vestindo capa preta. Ele segurou uma cruz iluminada e correu pelo palco com ela, mostrando para todo o público na performance teatral que ele sempre faz.
Em pouquíssimo tempo o cenário mudou novamente e um grande anjo branco apareceu atrás da banda. Era a vez de Flight of Icarus. Logo depois, uma sequência das músicas mais antigas embalou o público em um único coro: Fear of The Dark, Hallowed be Thy Name e The Number of The Beast, com a cabeça gigante do Eddie com longos chifres, atrás da banda. Na área central da pista simples, atrás da torre de controle do palco, onde não era possível ver a banda, centenas de fãs pulavam e dançavam apenas curtindo o som e o coro da multidão.
Em Iron Maiden, single do primeiro álbum da banda, as coisas ficaram estranhas no palco. Bruce errou o tempo em uma das estrofes, deixou de cantar algumas frases e ao fim da música pareceu discutir com Steve Harris, “o patrão”, baixista e líder da banda. Nicko McBrain, o bateirista de 70 anos, sempre bem humorado, permaneceu um pouco mais de tempo no palco e lançou alguns presentes para o público.
Encore
A banda parou alguns minutos para respirar. Quando voltaram com Trooper, o boneco Eddie voltou também. Bruce usava o uniforme do exército inglês e segurava a bandeira do país quando foi “atacado” pelo boneco e os dois interpretaram uma luta engraçada. Eddie também brincou com os três guitarristas.
Janick Gers, como sempre, fez suas danças diferentes e lançou a guitarra para girar em volta do corpo. Dave Murray fazia com a boca os sons das notas que lançava na guitarra, e Adrian Smith se manteve tradicionalmente técnico e mais sério. Steve Harris apontava o contra baixo para o público como se fosse uma metralhadora. Bruce trouxe a bandeira do Brasil e levou o público à loucura.
O show seguiu com Clansman e Run To The Hills, e a banda fez mais uma pausa. A última música, em todos os outros shows, era a primeira: Aces High. A apresentação sempre é precedida de um vídeo do discurso de Winston Churchill durante a segunda guerra mundial. Os fãs já decoraram cada fala. Um avião gigante planou sobre a banda durante a música, e Bruce estava vestido de piloto. O que, de fato, ele é na vida real, além de esgrimista, historiador e roteirista.
Iron Maiden animou pessoas de todas as idades, inclusive um pequeno de quatro anos, que estava na pista simples nos ombros do pai cantando suas músicas preferida. Outro, de aproximadamente 10, que estava na grade da pista premium, se destacou em todas as imagens feitas pela banda, que apareciam no telão sempre muito animado. Dos quatro aos 70, o público diversificado demonstrou que a paixão pela Donzela de Ferro continua passando gerações à frente.
A turnê
The Legacy of The Beast Tour começou em maio, na Croácia. A última apresentação tinha acontecido em julho, no Estádio Nacional, em Lisboa, Portugal. Curitiba foi a primeira cidade brasileira a receber a turnê.
As próximas apresentações estão previstas para o dia 30 em Ribeirão Preto, dia 2 de setembro na noite do Metal no Rock in Rio, e dia 4 de setembro, no Estádio do Morumbi em São Paulo. Depois do Brasil, a turnê seguirá pelo México.