Opep+ estende cortes de produção de petróleo; sauditas mantêm redução voluntária

Publicado em 4 mar 2021, às 17h50. Atualizado em: 2 jan 2022 às 19h19.

Por Rania El Gamal e Olesya Astakhova

DUBAI/MOSCOU (Reuters) – A Opep e seus aliados concordaram em estender seus cortes de oferta de petróleo por um mês até abril, dando pequenas isenções à Rússia e ao Cazaquistão, após entenderem que a recuperação da demanda em meio à pandemia de coronavírus ainda é frágil, apesar de uma recente alta do preço da commodity.

A líder da Opep, Arábia Saudita, disse que vai estender seus cortes voluntários de produção de petróleo de 1 milhão de barris por dia (bpd), e que decidirá nos próximos meses o momento em que a medida deverá ser gradualmente eliminada.

A notícia empurrou os preços do petróleo de volta para seus níveis mais altos em mais de um ano, com o Brent sendo negociado com alta de 5%, acima de 67 dólares por barril, já que o mercado esperava que a Opep+ liberasse um aumento de oferta.

A Opep+ cortou a produção em um recorde de 9,7 milhões de bpd no ano passado, devido ao colapso da demanda devido à pandemia. Em março, o grupo ainda restringia a oferta em cerca de 7 milhões de bpd, cerca de 7% da demanda mundial. O corte voluntário da Arábia Saudita eleva o total para cerca de 8 milhões de bpd.

Pelo acordo selado nesta quinta-feira, a Rússia teve permissão para aumentar a produção em 130 mil bpd em abril e o Cazaquistão em outros 20 mil bpd, para atender às necessidades domésticas.

“Todos os demais vão manter congelada (a produção)”, disse o ministro saudita de Energia, príncipe Abdulaziz bin Salman, em uma entrevista coletiva sobre o pacto.

Ele afirmou que a Arábia Saudita vai decidir nos próximos meses sobre quando retirar gradualmente os cortes voluntários de 1 milhão de bpd, e disse que será “em nosso tempo, à nossa conveniência”.

“Não estamos com pressa”, acrescentou.

Mais cedo, tanto bin Salman quanto o vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak, peças chaves da Opep+, haviam afirmado aos ministros do grupo que a recuperação na demanda é frágil.

Novak declarou, após a reunião, que a Opep+ teve de agir com cautela para evitar o superaquecimento do mercado.

A Rússia tem insistido em aumentar a produção para evitar que os preços avancem ainda mais e deem apoio à produção de petróleo “shale” dos Estados Unidos, que não faz parte da Opep+.

Mas o governo russo não conseguiu aumentar a produção em fevereiro, apesar de ter obtido aval da Opep+, porque o inverno rigoroso atingiu suas operações em campos maduros. Novak disse que a Rússia precisa de barris extras para atender à demanda em recuperação no país.

(Por Rania El Gamal em Dubai, Ahmad Ghaddar e Alex Lawler em Londres, Olesya Astakhova e Vladimir Soldatkin em Moscou; reportagem adicional de Timothy Gardner em Washington)

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