Acusada de rachadinha, ex-vereadora de Curitiba se diz perseguida politicamente
Na véspera do início de suas audiências de instrução no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR), a ex-vereadora de Curitiba Fabiane Rosa (sem partido) resolveu quebrar o silêncio e falar sobre as acusações de um suposto esquema de rachadinha em seu gabinete.
A então vereadora foi denunciada pelo Ministério Público do Paraná (MP/PR) pelos crimes de concussão e peculato em agosto de 2020. Antes disso, em 27 de julho, Fabiane chegou a ser presa em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e após passar 15 dias na cadeia, teve a prisão convertida em domiciliar, a qual foi revogada em fevereiro deste ano.
De acordo com a denúncia do MP/PR, pelo menos dez ex-assessores repassaram parte dos salários à Fabiane entre os anos de 2016 e 2018. Em depoimento, ex-funcionários afirmaram que os repasses variavam de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil e que dois deles haviam sido exonerados por não concordarem com a prática.
Apesar do processo correr em segredo de Justiça, em agosto de 2020, vídeos onde ela aparecia recebendo dinheiro de funcionárias, dentro de seu gabinete, foram vazados para a imprensa.
Em conversa com a RIC Record TV, a ex-vereadora negou categoricamente a existência de rachadinha e declarou ter sido vítima de perseguição devido a sua força política.
“Eu fui a vereadora mais votada em 2016, com muito pouco recurso. Então, existiu interesse político, existiu esse ‘me tirar do caminho’ para que eu não pudesse mais concorrer”, disse Fabiane. Ela ainda pontuou que os dois assessores supostamente exonerados saíram de seus cargo por outros motivos. “A ação é de pessoas que saíram do gabinete por motivos pessoais, a maioria deles, eu tenho como provar isso, que eles não foram exonerados”, completou.
O escândalo acabou culminando na expulsão de Fabiane do PSD (Partido Social Democrático). Mas apesar de não ter apoio partidário e não poder sair de casa, ela ainda participou das sessões remotas da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) até setembro, quando foi afastada pelo TJ-PR de sua função pública por entrar em contato com uma testemunha.
Sobre a situação, ela admitiu o contato, mas declarou que a justificativa foi aceita pelo judiciário. “Eu realmente mandei uma mensagem. Ela não estava envolvida nos fatos do processo, embora, ela tenha sido arrolada como uma testemunha de acusação pelo Ministério Público. Tanto é que eu me justifiquei para a juíza e a justificativa foi aceita”, disse a ex-vereadora.
Além da ex-parlamentar, duas funcionárias e seu marido também se tornaram réus no processo. O guarda municipal Jonatas Joaquim da Silva é acusado de trabalhar no gabinete da esposa, mesmo quando tinha a função de coordenador da Guarda Municipal de Curitiba. Conforme ele, o trabalho era voluntário e, principalmente, na área de marketing.
Ação
As audiências começam na tarde de terça-feira (3) e, segundo a previsão da defesa, serão nove dias, nos quais mais de 100 testemunhas poderão ser ouvidas. A ex-vereadora responde a 26 crimes. Entre as principais suspeitas, está o esquema no qual ela se apossava de parte do salário dos salários de seus assessores.
Para o advogado Jean Paulo Pereira, a inocência de sua cliente será comprovada nos próximos dias. “A defesa ainda em momento nenhum foi escutada, a sr. Fabiane só foi ouvida em sede do Gaeco. Ela ainda não foi ouvida em sede judicial, então a defesa acredita que após todos os interrogatórios, todos os depoimentos das testemunhas, deve se prevalecer sim que não houve qualquer espécie de peculato.”